terça-feira, 9 de outubro de 2018

Mário de Andrade

Há exatos 125 anos, nascia Mário Raul Morais de Andrade, poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, e ensaísta. A publicação de seu livro “Pauliceia Desvairada”, em 1922, fez dele um dos pioneiros da poesia moderna brasileira. Definido pelo próprio autor como “áspero de insulto, gargalhante de ironia” com “versos de sofrimento e de revolta”, o livro faz uma análise do provincianismo e da sociedade paulista de inícios do século XX. “Ode ao Burguês”, um dos poemas contidos no livro, foi lido durante a “Semana de Arte Moderna de 1922”:
“Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!”
A grande questão é que a própria plateia era o alvo dos versos de “Pauliceia Desvairada” e sua reação, você, leitor, já pode imaginar.
Ousadia à parte, a grande inovação da obra reside em sua forma. “Imagino o seu susto, leitor, lendo isto. Não tenho tempo para explicar: estude, se quiser...”, escreveu Mário em seu famoso “Prefácio Interessantíssimo”. A linguagem é simples, irreverente, coloquial e apresenta, propositadamente, erros ortográficos e gramaticais. Cria novos termos a partir da recombinação de radicais, prefixos, sufixos, desinências. Quer dar ao texto um sotaque brasileiro. O verso é livre. A poesia, sintética, fragmentária, anti-romântica.
Mário de Andrade foi autor de dois romances: “Amar, verbo intransitivo” (1927) e “Macunaíma” (1928). O autor também teve um importante papel como crítico de arte e literatura. Além de ensaios sobre música e poesia, registrou opiniões no campo do Folclore e da Cultura popular e das Artes Plásticas.

Um enfarte do miocárdio levou Mário, aos 51 anos, em fevereiro de 1945. Sua consagração como um dos maiores valores culturais do Brasil só veio dez anos mais tarde, com a publicação de “Poesias Completas”. Um tempo ainda mais longo se passou. Sua efígie estampou as notas de 500000 cruzeiros. Foi personagem no cinema e na televisão.


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