Almada Negreiros, “Retrato de Fernando Pessoa”, 1964. |
“O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente. / E os que leem o que escreve, / Na dor lida sentem bem, / Não as duas que ele teve, / Mas só a que eles não têm. / E assim nas calhas de roda / Gira, a entreter a razão, / Esse comboio de corda / Que se chama coração.” (Autopsicografia)
Com estes versos, escritos em 01 de abril de 1931, Fernando António Nogueira Pessoa descreveu o poeta e o seu fazer literário, atividade pela qual tornou-se conhecido em todo o mundo.
Das quatro obras publicadas por Pessoa em vida, três são em língua inglesa. Além de poeta, Fernando foi filósofo, dramaturgo, ensaísta, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário, comentarista político e tradutor. Pôs em língua portuguesa textos de Shakespeare e Edgar Allan Poe e em língua inglesa, obras de António Botto e Almada Negreiros.
Enquanto poeta, deu vida a outras personalidades. Seus heterônimos mais famosos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sendo os dois primeiros objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e obra. E sobre uma possível biografia, Pessoa escreveu:
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,Não há nada mais simplesTem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.Entre uma e outra todos os dias são meus.”
De fato, seus heterônimos primorosamente construídos, “poetas inteiros” - alguém tão bem disse -, suscitam o questionamento se o autor teria deixado, em algum momento, transparecer seu verdadeiro “eu”. Ou teria sido sua grande criação estética tão somente o resultado de suas várias formas de ver o mundo?
Seja como for, Fernando Pessoa é um dos mais célebres poetas portugueses. Seus últimos 15 anos de vida foram passados na companhia da mãe e da meia-irmã, naquela que hoje é a Casa Fernando Pessoa, um espaço cultural, em Lisboa, onde se respira poesia.
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