O jornalista e escritor Thiago Sogayar Bechara. Foto: Tato Fischer. |
Thiago Sogayar Bechara nasceu em São Paulo. É jornalista, especialista em jornalismo cultural, Mestre em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Doutor em Estudos Portugueses e Românicos pela mesma instituição.
Uma pessoa apaixonada pela palavra escrita, encenada, cantada. Começou desde muito cedo a escrever histórias e poemas. Publicou seu primeiro livro, “Impressões”, em 2002. O segundo veio dois anos depois, “Encenações”.
É biógrafo, movido pela vontade de documentar personagens que foram importantes para a cultura do país. Em seu site, www.thiagobechara.com.br, os leitores podem conhecer um pouco mais sobre sua trajetória, ter acesso a livros e artigos de sua autoria, vídeos e fotos. Confira abaixo a entrevista que o escritor deu para as “Meninas do Blog”.
Blog For You: O que o Jornalismo Cultural e a Literatura significam em sua vida?
Thiago: O Jornalismo, bem como a Teoria Literária, para mim, são ferramentas. Fundamentais como referência e possíveis critérios a serem adotados, tanto como leitor quanto como escritor. As técnicas jornalísticas, por exemplo, ajudaram-me muito na escrita das tantas biografias que fiz. Já a Literatura, com maiúscula, propriamente dita, esta é como que a lente dos meus óculos. O moduspor meio do qual vejo o mundo. Mais especificamente a poesia. Não a poesia apenas como gênero literário, mas sim como forma de enxergar e encarar a realidade humana e a vida como um todo. Neste sentido, Literatura e Poesia, para mim, são uma coisa só. E é por meio delas, e do direito à fabulação que elas permitem, que eu posso respirar.
Blog For You: Qual é a sua opinião sobre o Jornalismo Cultural de hoje?
Thiago: Estou mal informado a esse respeito. Venho focando minha área de atuação na crítica literária e na escrita ficcional e poética propriamente ditas. Como investigador e eventualmente professor, tento usar o cânone do Jornalismo Cultural a meu favor, mas o que leio das expressões jornalísticas atuais não me permite emitir um parecer que seja minimamente responsável. O que posso arriscar a dizer, talvez, é: parece-me que cada vez menos a arte e a cultura importam para aqueles que têm o poder no Brasil. O real poder. De modo que quem destes depende para sobreviver empresarialmente (e isso inclui jornais, blogs, sites e revistas) fica numa saia justa. Mas generalizar qualquer outra coisa neste sentido seria leviano da minha parte.
Blog For You: Em que momento você despertou para as poesias?
Thiago: Não tenho a menor ideia. Sei que aos seis para sete anos eu já escrevia. Com uma angústia precoce e uma anímica necessidade de pôr algo para fora. Mas com tão pouca idade era impossível saber o quê, assim como era impossível ter recursos formais, técnicos e de maturidade para poder fazê-lo a contento. Infelizmente, até hoje sou aquela criança, buscando a melhor maneira de dizer alguma coisa que mal compreendo, mas que é tudo o que possuo.
Blog For You: Conte-nos um pouco sobre seus projetos, ideias, livros...
Thiago: Projetos são inúmeros. Se estão perguntando especificamente sobre os literários, tenho um livro novo de poesia no prelo a ser lançado em 2020, por uma editora espanhola e o prefácio de uma grande artista brasileira. Tenho ideias de consolidar minha carreira acadêmica como professor no Brasil, para onde estou voltando a morar depois de mais de 4 anos vivendo em Lisboa. Sobre livros novos e inéditos, tenho alguns em andamento, já há muitos anos que venho trabalhando neles. Posso adiantar que há contos novos, poesias, uma tese de doutorado que pretendo publicar, e talvez um romance. Mas tenho aprendido a ter mais calma e menos ansiedade. Demorarei mais para publicar novos trabalhos. Quem sabe assim evite alguns arrependimento futuros, risos.
Blog For You: Quais os seus estilos literários e escritores favoritos?
Thiago: Sou um homem do século XXI e me interessam muito as questões do "eu" e da "memória" neste mundo de tanta informação desinformada. Não pretendo especificar um estilo literário nem sequer um gênero. Amo a prosa, a poesia, o ensaio, a dramaturgia, a biografia etc. Tendo, entretanto, para obras que me apresentem questões humanas fortes, essenciais, profundas. Neste sentido o realismo, o naturalismo e o modernismo me interessam mais. Mas sou louco pelos gregos antigos, risos. Vamos aos meus escritores favoritos. Alguns deles: Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Luigi Pirandello, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Kafka, Homero, Tchékhov, Tolstói, Gontcharov, Alberto Moravia, Albert Camus.
Blog For You: Sua tese de mestrado versa sobre Fernando Pessoa. Por quê este autor?
Thiago: Porque ele é o único capaz de dizer fora de mim o que eu só sei dizer de mim para mim mesmo, sobre a tragédia e a maravilha que é ser humano e falar português.
Blog For You: O quê você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria ao Thiago de seu primeiro livro?
Thiago: Tenho procurado ser menos prolixo, mais claro e mais profundo nos assuntos que me interessam investigar. No fundo, literatura é isso. Investigação do homem e, portanto, espelho. Não sei se tenho conseguido, mas quero crer que amadureci um pouco nesses quase 18 anos de vida editorial. Para o Thiago do meu primeiro livro eu diria: Calma. Mas ele era teimoso, e faria tudo igual, risos.
Blog For You: Como você se mantém inspirado? Você aguarda um momento de inspiração para começar a escrever?
Thiago: Não me mantenho. Não aguardo nada. Um vulcão nunca aguarda entrar em erupção. Quando algo se move por debaixo, nas entranhas, o magma simplesmente explode. Talvez por isso o primeiro livro de Guimarães Rosa (só publicado postumamente) tenha se chamado - e se chame - Magma.
Blog For You: Qual o mais difícil: escrever a primeira ou a última frase?
Thiago: Não tenho a menor ideia, risos. Não se escreve compartimentadamente. Primeiro isso, depois aquilo. Escreve-se em jorro. Depois juntam-se os pedaços.
Blog For You: Que conselhos você daria para quem sonha em ser escritor?
Thiago: Leia muito. Escreva muito. Duvide muito de você. Fique atento para testar se suas dúvidas resistem à necessidade imperiosa da escrita. Não saia publicando, como eu fiz, risos.
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