Cenas do filme “Parasita”. Fotos: Divulgação.
Mês passado, no Teatro Dolby, em Los Angeles, aconteceu a 92ª cerimônia de entrega dos Academy Awards, ou Oscars 2020. Produzida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, premiou os melhores filmes, atores e técnicos de 2019.
Esta foi uma edição que quebrou padrões. Pela primeira vez em 92 anos, uma mulher conduziu a orquestra da premiação. A maestrina Eímear Noone tocou todas as trilhas sonoras indicadas. Também inédito foi o fato de um filme não falado em língua inglesa ter vencido como Melhor Filme. O longa sul-coreano do cineasta Bong Joon Ho sagrou-se o grande vencedor do Oscar ao faturar quatro estatuetas. Além da principal categoria, também ganhou como roteiro original, diretor e filme internacional.
“Parasita“ é mais que um filme sobre uma “família de caráter duvidoso que se infiltra no cotidiano de outra”. É um inusitado retrato das diferenças entre grupos de classes sociais opostas, representados por duas famílias de igual composição - pai, mãe, filho e filha. Os Kim são pobres e vivem em um banjiha - minúsculos apartamentos semissubterrâneos. Os Park são os endinheirados moradores de uma luxuosa mansão criada por um famoso arquiteto, nas montanhas de Seul.
Ambas as classes são retratadas de forma caricatural pelo competente diretor sul-coreano. A inocência perturbadora da Srª. Park, aliada ao comodismo de seu marido e a habilidade da família Kim de criar artimanhas que possibilitem sua ascensão social, são essenciais para que os pobres consigam, rapidamente, se infiltrar na casa dos ricos, assumindo cargos chave, não apenas para o funcionamento da casa, mas também da vida de seus patrões. A partir daí me questiono quem seria o “parasita” que dá título ao filme.
A narrativa se apresenta de forma inteligente, passeando por diversos gêneros cinematográficos. Do humor ao drama, passando pelo romance, aventura, fantasia e chegando ao suspense.
O filme não delimita vilões. Estes não são os ricos, mergulhados em seu mundinho de futilidade e ignorância, nem a família de golpistas que se instala na casa deles. Se os Kim parecem ser, a princípio, os “parasitas”, ao longo do filme, vai-se percebendo que todos os são. A obra de Bong é aberta a diferentes perspectivas. Seus diversos plots twists e quebras de expectativas entretêm de forma eficiente o espectador.
Além de um enredo trabalhado com maestria, o elenco cumpre com perfeição suas funções, com destaque para as interpretações de Song Kang-ho, o patriarca da família Kim e de Yeo-jeong Cho, a alienada mãe rica.
“Parasita” é, certamente, um dos melhores filmes de 2019. Intrigante, engraçado, reflexivo, crítico. Merecedor do Oscar e de tantos outros prêmios.
Filme assistido no Kinoplex Leblon, em março de 2020.
Nota da Cris: 5,0 (excelente) 👍
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