Vagueia a chuva nua e pura.
No espaço a viajar,
Voos de gemidos,
De um ardente amor,
Derrama o ópio num pote
Adocicado e regado pela ira do ciúme.
O ciúme das pétalas da andorinha
Que pela luz do sol
Só se fez sereno pelo brilho deslumbrante
De seu complemento de vida,
Que lhe dá razão de viver.
Pelos altos ou pelo arrebol
Regado de juventude e perfumosas noites,
E pela indolência do sono,
Irado por uma angústia.
Aquela de obter certeza de que seu ser
É o complemento do seu silêncio.
No momento procuro estar cauteloso,
Não querendo talvez
Transparecer ao certo meus sentimentos.
Porque fingir que minh’alma vive
Num voo fecundado pelos sonhos?
Porque não mostrar a mim mesmo
A nebulosa amplidão da ira do ciúme?
Por quê não?!
Quero perder-me nos poros do ser
De um navegante ser;
Quero perder-me no palmar sombrio
Só para poder lhe amar;
Quero perder-me no clarão do raio
Para que a essência, o perfume se vista de talentos mil;
Quero perder-me nas plumas douradas
Do lírio macio que me traz a suavidade de seu olhar;
E poder gritar, bradar mais forte
Que as vozes enaltecidas do Universo,
Que te amo e que o seu ser
Só a mim me pertence.
Realmente, você é meu, só meu e de mais ninguém.
Aquele que pensar em ficar próximo do seu ser
Pegaria o sedento nó da fonte dos desejos,
E o colocaria à sombra de um vazio sem fim,
Longe da seiva de alfazema,
Longe de tudo e de todos.
Seria a punição mais amena que este ser poderia sofrer.
Não o colocaria frente à escuridão;
Muito pelo contrário,
Deixaria que o calor do sol queimasse a sua obscuridade
Para crescer como um ser de verdade
Com relação ao meu ser de um navegante ser
Queria sua morada na moradia do meu ser;
Para afagar seu corpo na formosa noite
Que nos constituiu o complemento do outro.
Ana Cavalieri
Em 30/01/88.
@anacavalieriofficial
Imagem: Google Images. |
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