quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Junior Dantas

Foto: arquivo pessoal.

Junior Dantas nasceu em Ipueira, cidade do interior do Rio Grande do Norte, na divisa com a Paraíba. Desde criança, gosta de teatro e, incentivado por um grupo amador, começou a atuar. A vontade de se aprimorar o levou a Campina Grande (PB), onde cursou Jornalismo. Foi lá também onde teve a certeza de que carreira iria seguir, ao entrar, pela primeira vez, em um teatro. Em Angra dos Reis (RJ), participou do Festival Internacional de Teatro de Angra (FITA), onde conheceu a atriz e diretora da Cia. OmondÉ, Inez Viana. Nessa companhia, Junior está há 10 anos e estreia, em janeiro, o espetáculo “Auto de João da Cruz”, de Ariano Suassuna.
Em entrevista às Meninas do Blog, o ator potiguar fala sobre sua trajetória, o grande sucesso “O Pequeno Príncipe Preto”, que surgiu de uma história pessoal, e seu próximo trabalho na Cia. OmondÉ. Confira!

Blog For You: Você sempre sonhou em ser ator?
Junior Dantas: Eu sou de uma cidade muito pequena, no interior do Rio Grande do Norte chamada Ipueira, que tem um pouco mais de 2000 habitantes. É a segunda cidade menos populosa do estado do Rio Grande do Norte. A minha infância toda foi lá. Aliás, até hoje minha família mora lá, minha mãe, meus irmãos...  E lá, eu tive muitas referências legais. Tinha um grupo de teatro amador na cidade, o circo... Então, eu tive uma infância muito lúdica, bem legal, cheia de brincadeiras. Eu lembro que com 7 ou 8 anos, eu já me interessava por teatro e já fazia apresentações em escola, igreja e também era muito ligado a esse grupo de teatro amador que rolava na minha cidade. Então, sempre foi um sonho sim. Claro que lá era uma cidade muito pequena, não tinha um teatro, um espaço físico, mas é uma cidade muito cultural.

Blog For You: “O Pequeno Príncipe Preto” foi idealizado por você. Há um quê de biográfico? Conte-nos um pouco de sua infância e sua trajetória de Ipueira até o Rio de Janeiro.
Junior Dantas: Quando eu era criança, em Ipueira mesmo, ia rolar uma apresentação do Pequeno Príncipe, na minha escola, e eu pedi à professora para fazer o personagem e ela me disse que eu não poderia porque eu não tinha as características físicas desse príncipe, que eu não era loiro, que eu não tinha os olhos claros e aí eu cresci com isso. Aliás, na minha infância, eu não tinha muitas referências positivas dos personagens, dos super-heróis, ou quando ligava a TV, ou quando lia um livro e, claro, eu não entendi muito bem isso, né? Cresci com isso. E foi daí que surgiu sim a ideia de fazer o projeto e chamei alguns amigos. A galera topou, comprou a ideia, e daí surgiu “O Pequeno Príncipe Preto”. Tem uma parte do espetáculo em que eu narro o porquê montamos a peça. Mas claro a gente pegou a história do pequeno príncipe e trouxemos para a nossa cultura, a cultura africana, a cultura brasileira, para que as pessoas se identifiquem com a história. Partiu também da pergunta “por que todo príncipe é sempre loiro, do olho claro e vai chegar num cavalo branco?” E nós somos todos príncipes e princesas. E é isso, a gente conta a nossa história.

Blog For You: “O Pequeno Príncipe Preto” já foi visto por mais de 60 mil pessoas, em teatros e escolas públicas, Brasil afora. Você imaginou que o espetáculo alcançaria todo esse sucesso?
Junior Dantas: É o meu primeiro espetáculo independente aqui no Rio de Janeiro. Eu faço parte de uma companhia chamada OmondÉ, que é dirigida pela Inêz Viana. E é engraçado porque realmente você não imagina fazer teatro, uma peça não tem uma fórmula, não é uma receita de bolo, então, assim, tudo pode acontecer. Claro que a gente sempre se pergunta “será que vai dar público?”, “vai dar certo?”. Só que essa peça já cresceu com muita força. A vontade da equipe, a gente estreou em plena Copa do Mundo, em 2018, no Glauce Rocha. Era para ficar um mês, nós ficamos três meses, lotando, fazendo sessão extra e só saímos do teatro porque começamos a receber convites. Então, foi um espetáculo onde a equipe toda se dedicou, que eu me dediquei muito e aconteceu muita coisa legal, de chegar em lugares aos quais eu estava indo pela primeira vez na vida, como Porto Velho (RO) ou ter que ir a Goiás e ter que fazer sessão extra. É muito bacana você perceber a força do trabalho, de como chegar às pessoas que também querem ouvir a sua história e como elas se identificam, como elas se sentem representadas. O que eu vi de depoimentos de pessoas que também passaram por histórias iguais as minhas e pessoas na minha idade que não tiveram esses personagens na infância se emocionando, se identificando e levando os filhos, as crianças para assistir... É um espetáculo que vai além do teatro pois, através dele, a gente cria um debate, uma conversa entre pais e filhos. É um espetáculo para a família inteira. Então, eu fico super feliz com o alcance que teve. É um projeto que eu não quero parar.

Blog For You: As culturas africana e afro-brasileira vêm sendo encenadas sob um novo olhar, em montagens que vêm ganhando cada vez mais espaço. Como você percebe isso?
Junior Dantas: Eu acho que sim, que estamos ocupando espaço, estamos criando projetos, espetáculos. Eu acho que ainda é muito pouco, mas nós estamos caminhando. O Brasil é um país racista, o país em que os negros não tem muita oportunidade, mas eu acho que a nossa luta é essa, é através da arte, através do amor, chegar nas pessoas, chegar na população, chegar no público. E se nós somos mais de 50% da população brasileira, a gente sim tem público para assistir, tem histórias pra contar, aliás, muitas histórias pra contar. O que eu vejo é que, apesar de ainda ser pouco, estamos caminhando, mas que bacana que estamos tendo esse espaço. Estamos lutando, estamos ocupando, nossos corpos estão lá, estamos contando nossas histórias, estamos sendo protagonistas, porque a gente vem de uma cultura na qual, com todo respeito as outras profissões, o negro só faz a empregada doméstica, o vendedor ou aquele que está preso. Então, está na hora de mudar essa história, de mudar essas narrativas e de que a gente ocupe todos os lugares, todos os teatros, as TVs, os cinemas, os comerciais de produtos, tudo.

Blog For You: Há nove anos você integra a companhia teatral OmondÉ. Como aconteceu esse encontro?
Junior Dantas: Então... eu sou do Rio Grande do Norte e a minha história é bem longa. Vou resumir: sou de Ipueira e fui estudar jornalismo em Campina Grande, na Paraíba, e lá, me profissionalizei. Comecei a entrar em companhias profissionais, registros de ator. Quando acabei a faculdade de jornalismo, fui morar em Angra dos Reis com dois amigos atores. Lá, começamos tudo de novo: montamos companhia, fizemos muitos espetáculos. Em Angra tem a FITA, que é o Festival Internacional de Teatro de Angra. A FITA convidou a Inez Viana para dirigir um espetáculo do Ariano Suassuna e, em contrapartida, teria que ter três atores de Angra e foi aí que eu fiz o teste e entrei na Companhia OmondÉ e estou lá até hoje. Aliás, nós vamos fazer dez anos e, em janeiro, a gente vai estrear um espetáculo, no Sesi do Centro, escrito na década de 50 pelo Ariano Suassuna que se chama “O Auto de João da Cruz”. Estamos em fase de ensaio e dia 16 de janeiro a gente estreia aqui no Centro do Rio. E foi um encontro maravilhoso porque tem pessoas de vários lugares, regiões, estados do Brasil, então a gente aprende muito, troca muitas ideias, já fizemos muitos espetáculos, isso é bem bacana.

Blog For You: De seus personagens, qual mais te marcou? E quem ainda gostaria de interpretar?
Junior Dantas: Eu acho que todos são muito legais. Cada personagem é uma entrega, é uma vida, a gente leva muito da nossa personalidade, mas eu não posso negar que ultimamente o Pequeno Príncipe Preto me marcou muito, ainda está muito em mim e foi muito prazeroso. Sempre fiz muito espetáculo para adulto e esse encontro com o público infanto-juvenil, com as famílias, eu falo que é uma missão, eu não quero parar. Já estou pensando no próximo espetáculo infanto-juvenil, quero muito trabalhar com essa questão de quebra dos padrões, dos estereótipos, da cultura africana, que tem esse recorte racial. No momento, na cabeça vem o Pequeno Príncipe Preto... as pessoas nem me chamam mais de Junior, mas dizem “e aí Príncipe”, “e aí, Príncipe Preto”, então é realmente um personagem bem marcante.

Blog For You: O que te distrai nas horas vagas?
Junior Dantas: Adoro muito, quando tenho tempo, viajar para Ipueira para ver minha família. Lá tenho meus amigos de infância, minhas sobrinhas, minha mãe, meus irmãos. Aqui no Rio, também gosto muito de ver peças. Quando está de folga, ator vai ver peça, né? Vejo muitos espetáculos, gosto de correr. Eu moro aqui na Glória, na Praça Paris, então, gosto de ir à feira nos finais de semana, comprar várias coisas. Gosto muito de conversar, de rir, de dançar, essas coisas todas.

Blog For You: Sobre o futuro... quais os seus projetos? Que novidades podemos esperar?
Junior Dantas: Com  relação a companhia OmondÉ, em janeiro já estreia o espetáculo e, também, já no primeiro semestre, eu estreio um novo espetáculo infanto-juvenil, que está vindo com muitas novidades, muitas surpresas, então, aguardem porque vai ser bem bacana. Eu estou muito animado para 2020!

sábado, 7 de dezembro de 2019

Três perguntas para “Official Arnold Fan”

Imagem cedida pelo nosso entrevistado.



Ator, fisiculturista, empresário e político... Arnold Schwarzenegger é um dos mais conhecidos campeões de fisiculturismo e protagonistas de filmes de ação do mundo. Venceu o concurso Mister Universo pela primeira vez em 1967 na categoria amador e, nos três anos seguintes, na categoria profissional. O concurso de físiculturismo Mr. Olympia, Schwarzenegger venceu sete vezes. A estreia no cinema veio com o filme “Conan, o Bárbaro” , em 1982, mas ganhou notoriedade dois anos depois ao participar de “O Exterminador do Futuro”.
Como ator e como esportista, Arnold conquistou muitos fãs mundo afora e é para um deles que fizemos as três perguntas de hoje...

Três perguntas para @officialarnoldfan

Blog For You: Qual filme você considera ser o mais importante na carreira de seu ídolo?
@officialarnoldfan: Na minha opinião, o mais importante foi “Conan, o Bárbaro”, pois foi o filme que lançou Arnold, que o fez famoso. Mas “O Exterminador do Futuro 2” também foi muito importante para o Arnold.

Blog For You: Você acompanha a trajetória de Arnold como físiculturista? O que você pode nos dizer sobre o Arnold Sports Festival?
@officialarnoldfan: Sim, na verdade, eu o acompanho mais no Fisiculturismo. A conta @officialarnoldfan foi criada com o propósito de mostrá-lo na época em que competia. Um dos meus sonhos é competir no Arnold Sports Festival, no fisiculturismo, mas esse festival da oportunidade para atletas de todas as modalidades. Acho isso o máximo. Modalidades pouco conhecidas têm a  oportunidade de aparecer em algo grande como esse festival.

Blog For You: O que você diria a seu ídolo se tivesse a oportunidade de encontrá-lo?
@officialarnoldfan: Se eu tivesse a oportunidade de encontrá-lo, acho que cairia para trás. Eu apertaria a mão dele e diria “obrigado por ter me motivado a mudar de vida, ter uma vida saudável, por ter me ensinado muitas coisas mesmo sem me conhecer. E que um dia eu queria ser uma pessoa igual a ele, que motiva as pessoas a não fazer o ”errado” e sempre seguir em frente com os seus sonhos, mesmo que o mundo te diga não.

Imagem cedida pelo nosso entrevistado.













quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Duo Santoro

Duo Santoro pelas lentes de Stefano Aguiar.



Gêmeos idênticos, Paulo e Ricardo Santoro tocam juntos há mais de 30 anos e são uma referência no violoncelo. O instrumento foi presente do pai, Sandrino Santoro, ícone nacional do contrabaixo, e serviria de intermediário até que os meninos atingissem a altura necessária para se tornarem contrabaixistas tal como o patriarca. O violoncelo de temporário passou a ser paixão para toda a vida.
Os dois têm caminhado, quase sempre, lado a lado. Formaram-se juntos, em 1989, pela Escola de Música da UFRJ com nota máxima E obtiveram o título de Especialização em Violoncelo pela mesma Universidade. Mestres em Música, Paulo e Ricardo foram aprovados nos concursos para integrar a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) e a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ), onde atuam desde 1986 e 1989, respectivamente. Como solistas, já se apresentaram à frente de várias orquestras e participam de outras formações camerísticas distintas, tais como Trios, Quartetos e outros Duos. Separadamente, atuam Paulo no Quarteto Brasiliana e no Duo Interarte e Ricardo nos trios Mignone, Aquarius e Harmonitango.
O Duo Santoro fez sua estreia em 1990, tendo como uma de suas principais metas a divulgação da música brasileira. Para isso, contam com a colaboração de diversos compositores. Seu repertório vai do erudito ao popular, apresentando uma mistura de estilos. O primeiro CD, “Bem Brasileiro”, foi lançado em maio de 2013. O segundo, “Paisagens Cariocas”, veio em 2017 e foi eleito pela Revista Bravo como um dos dez álbuns imperdíveis de música erudita.
Considerado pelo público e pela crítica especializada como o mais conceituado duo violoncelístico brasileiro, o Duo Santoro já se apresentou nas principais salas de concerto do Brasil e em outros países.
Em entrevista para as “Meninas do Blog”, Ricardo Santoro contou um pouco mais sobre a trajetória do Duo e os próximos projetos. Confira!


Blog For You: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória. Como começou a música em sua vida?

Duo Santoro: A música foi uma coisa que aconteceu muito naturalmente nas nossas vidas. O nosso pai, Sandrino Santoro, é um exímio contrabaixista, chegando a ter cinco empregos aqui no Rio de Janeiro. Como todo filho tem o pai como ídolo, nós também queríamos seguir a carreira do nosso pai. E ele, desde sempre, nos incentivava na música. Começamos na flauta doce com cinco anos, depois passamos para a teoria musical com sete anos, passamos para o piano com dez anos, e, finalmente, com treze anos, começamos no violoncelo. O grande detalhe é que o nosso objetivo era tocar contrabaixo, tal qual o pai, mas o violoncelo, que era provisório, acabou ficando nas nossas vidas em definitivo.


Blog For You: Vocês integram a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica da UFRJ, além de outras formações camerísticas como Trios, Quartetos e outros Duos. Conte-nos sobre essas experiências.
Duo Santoro: Fazemos parte da OSB desde 1986 e da OSUFRJ desde 1989. São duas instituições marcantes no cenário musical brasileiro e que sempre nos acolheram com muito carinho. Apesar da dedicação a essas orquestras, o nosso pai sempre nos incentivou a fazer música de câmara para que nos tornássemos músicos completos. Seguindo a eterna orientação dele, fizemos várias formações camerística ao longo das nossas carreiras: duos de violoncelo e piano com vários pianistas, trios com formações diversas e quartetos de cordas. Hoje mantemos as seguintes formações estáveis: Duo Santoro (violoncelos), Trio Aquarius (violino, violoncelo e piano), Trio Mignone (flauta, violoncelo e piano), Harmonitango (harmônica, violoncelo e piano), Quarteto Brasiliana (dois violinos, viola e violoncelo) e Duo Interarte (violoncelo e violão). Com essas formações camerísticas, tocamos por todo o Brasil e também no exterior.

Blog For You: O Duo Santoro é o único em atividade permanente. Como vocês organizam sua agenda?
Duo Santoro: Não é fácil a tarefa de organizarmos as nossas agendas, pois não temos um produtor oficial que nos ajude nessa parte. Tudo é feito por nós mesmos, desde o primeiro contato, por e-mail ou celular ou redes sociais, até o resultado final no palco de um teatro. Evidentemente, quando somos procurados por produtores para um trabalho avulso, aceitamos com o maior prazer. Além de tudo isso relatado acima, ainda temos que conciliar a agenda do Duo Santoro com a agenda das orquestras e dos grupos de câmara dos quais fazemos parte, sem contar as aulas que damos, pois ainda somos professores no tempo que nos resta.

Blog For You: Que conselho vocês dariam para quem pretende ser músico?
Duo Santoro: A carreira de músico não é fácil, assim como qualquer outra carreira, mas o conselho que dou é que estudem sempre, nunca se acomodem, procurando sempre se aperfeiçoarem com profissionais respeitados. O sucesso de um músico está diretamente ligado ao tempo que ele se dedica ao seu instrumento. Talento sem esforço não resulta em nada, infelizmente...

Blog For You: Como é o processo de composição de vocês? E como é feita a seleção das músicas que são apresentadas em seus concertos? 
Duo Santoro: Tenho que confessar que não compomos nada. Não temos composições. Temos, sim, arranjos, mas não são composições. 
A seleção das músicas que fazemos para um concerto é sempre feita pensando em agradar o nosso público. Normalmente tocamos músicas clássicas brasileiras e internacionais e músicas populares brasileiras. E sempre conversamos com a plateia explicando um pouco sobre as músicas que tocaremos, seus compositores e o período da história da música em que elas foram escritas.

Blog For You: Quanto tempo vocês estudam/ensaiam por dia?
Duo Santoro: Isso é muito variável. Quando temos um concerto próximo, as horas de estudo e de ensaio se intensificam. E, ao contrário, quando o concerto não está próximo, as horas de estudo e de ensaio são menores. Na média, estudamos por volta de quatro horas por dia, individualmente, e ensaiamos por volta de três horas por dia, em conjunto.

Blog For You: Quais são os seus próximos projetos?
Duo Santoro: Temos dois projetos à vista. Gravar o terceiro CD com músicas brasileiras, mas, dessa vez, somente com músicas dedicadas ao Duo Santoro, e gravar um quarto CD, com músicas italianas clássicas e populares, para valorizar também a nossa ascendência italiana (nosso pai é italiano).


Foto: Stefano Aguiar.





quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

“Fluvius”: Paula Klien no Centro Cultural Correios

Ana Cavalieri, Paula Klien e Maria Cristina Lagoas.
Foto: Pedro Luz.

A artista plástica Paula Klien inaugurou, na terça-feira (03) à noite, a exposição “Fluvius”. Sob a curadoria de Denise Mattar, a artista reúne trabalhos recentes e algumas obras produzidas anteriormente. Um vídeo, exibido em um dos ambientes da mostra, revela o processo de trabalho de Paula, que se caracteriza pelo uso do Nanquim em tela e em papel. 
Duas exuberantes raízes chamam a atenção na exposição. A artista justifica a presença delas explicando que “as raízes protegem o rio das erosões, elas seguram a terra evitando que o rio seja soterrado; sou raiz, daquelas bem profundas, espalhadas, emaranhadas, enroladas, retorcidas e enroscadas, as que mais servem para manter a terra firme — e que deixam a água fluir.”
A energia impressa por Paula Klien em suas obras põe à vista telas delicadas e que, ao mesmo tempo, provocam emoções intensas e profundas, tal como o correr das águas de um rio.

Um vídeo feito especialmente para a mostra
é exibido em um dos ambientes.


Onde e quando assistir?

Centro Cultural Correios: Rua Visconde de Itaboraí 20, Centro. Terça a domingo, do meio-dia às 19h. Até 26 de janeiro.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Rocket Band

Cláudio Francioni, Alex Feitosa, Raphael Assunção e
Erick Cardoso, a Rocket Band. Foto: Divulgação/Facebook.

Sir Elton Hercules John tem sido merecidamente celebrado. De “Rocketman”, cinebiografia do cantor e compositor, a tributos que lotam teatros e casas de shows. Uma dessas homenagens, particularmente, nos chamou a atenção: a “Rocket Band - Elton John Tribute”. Foi em uma terça-feira do mês de abril, quando estivemos no Teatro Rival Petrobras, movidas pelo fato de sermos fãs de Elton e a curiosidade sobre um tributo em sua homenagem. Casa lotada. No palco, apenas a banda e seus convidados. De extravagante, só os óculos a lá Elton John. No repertório, clássicos como “Skyline Pigeon”, “Circle Of Life”, “Nikita” e “Crocodile Rock”, entre outros. Alex Feitosa (piano e voz), Cláudio Francioni (baixo e voz), Erick Cardoso (bateria) e Raphael Assunção (guitarra e voz) emocionaram o público com seu carisma e a celebração à bela obra de Elton John.
O mesmo se repetiu mês passado, no Quiosque Nativoo Bar Beach Rest, em Copacabana. Após o show, conversamos com Alex e Cláudio. Confira a entrevista:

Blog For You: Como vocês se conheceram?
Cláudio: Eu e o baterista estudamos juntos na faculdade de Educação Física. Eu conheço o Erick desde 1989. Há exatos 30 anos. Meu amigo. Sempre tocamos em projetos, festinhas. O Alex, eu conheci por intermédio de um outro amigo meu que não tem nada a ver com a música, de escola de samba. Pouco depois, a gente já estava fazendo uma banda chamada Lunes, que existe até hoje, só que com uma outra proposta. É uma banda de festa, de baile. A gente ficou com a Lunes por algum tempo, aí depois o Alex foi tocar com outros projetos. A Lunes parou um tempo e, no ano passado, me deu esse estalo. Está uma onda bem legal de tributo, né? Tem várias casas que apostam muito nisso e, inclusive, tem tributo a um monte de coisas. Um dia, não lembro o porquê, pensei “Cara, Elton John ninguém nunca fez!”. O Alex é muito fã do Elton John, então eu não preciso nem convidar, é só falar “vamos fazer ” e pronto! O Erick é outro amigo meu que topa qualquer coisa, o que chamar ele vai. E aí, eu já criei o grupo. Não tinha nome ainda. Só sabíamos que era uma banda para fazer um tributo a Elton John. O guitarrista era o Marco, um outro amigo nosso que faz outros tributos também, ao Elvis, ao The Smiths, e por causa desses compromissos com a outra banda, ele não pode ficar. O Alex convidou o Rafa (Raphael Assunção), que tocava em outro tributo com ele, ao Whitesnake.
Alex: Ele se encaixou perfeitamente com a banda. Grupo todo fechado e aí fomos agregando mais vocais e hoje a gente tem sub-agregados também que trabalham na banda. A gente tem nove pessoas trabalhando na Rocket Band. Nós somos um núcleo de quatro instrumentistas, fazendo voz principal e vocal e, esporadicamente, temos as substituições e vocais dependendo do tamanho dos shows. Tem uma estrutura montada que vai se adequando de acordo com o tamanho da oportunidade que a gente tem.

Blog For You: E sobre esse trabalho com a banda de festas...
Cláudio: Foi no final de 2006, 2007. Eu, Alex e o Erick tocávamos em uma banda com amigo em comum, André Rondinelli, só que era uma outra proposta. Era uma proposta de rock clássico, tinha umas coisas, inclusive, de Elton John. Lembro que tocávamos “Rocketman” com o André, que era cantor e com um outro guitarrista. Tocamos com ele por seis meses. Quando formamos a Lunes, em 2007, era uma banda que tocava Anos 80. Era época da “Festa Ploc”, “Perdidos na Selva”, bombando. A gente criou a Lunes para tocar o repertório que essas bandas não tocavam. Geralmente, eles iam no rock nacional, músicas bem populares. A gente tocava coisas dos anos 80 que também eram bem populares, mas que essas bandas geralmente não tocavam. A gente fazia meio que o lado B dos anos 80. Logo depois, a gente começou a tocar de tudo. Anos 70, anos 60. O que vier a gente toca.

Blog For You: Como surgiu a ideia de formar uma banda para tocar sucessos de Elton John? Por que Elton?
Cláudio: Eu gosto muito do Elton John. O Alex é fã. E foi exatamente desse lance de não ter um tributo a Elton John. Eu não sabia do filme. A minha ideia foi mais ou menos em setembro, outubro do ano passado. Quando vimos a primeira divulgação do filme, já tínhamos feito alguns ensaios. Achei mais legal ainda porque a carreira de Elton voltaria à tona e as pessoas lembrariam da gente.
Alex: Foi até complicado porque muita gente tentou pegar carona por causa do filme e montar, correndo, tributo a Elton John. Só que é uma coisa que dá trabalho para fazer, não dá para ficar pronto muito rápido. Quando o filme saiu, nós já estávamos com o trabalho pronto e a galera que tentou fazer correndo acabou não conseguindo entregar, pois, pelo que eu saiba, não rolou outro tributo.
Cláudio: Não é tão fácil montar um banda assim. Qualquer um pode montar uma banda de Elton John, com um cantor, um pianista. Agora, você achar um pianista que goste tanto do trabalho do Elton, que toque as coisas de uma forma fiel e que também cante, como é o Alex, você não encontra em qualquer lugar. Então é complicado. O pessoal pode querer montar, mas é difícil.
Alex: E uma banda com o vocalista separado ficaria estranho.

Blog For You: Como vocês selecionam o repertório?
Alex: O coração manda, né?... se vocês repararem, todo dia na JB toca uma música do Elton John. Por volta das 21h, 21h30 é o horário do Elton John tocar. Então a gente partiu do que a gente gostava, comparando com execução no rádio. A gente andou as décadas, olhou os hits e dentro destes o que a gente gostava de executar. Já tinha uma massa muito grande de repertório e aí começamos a ouvir o que a galera queria escutar. Se você faz um show só de hits, o fã também não se sente representado. Quer ouvir aquele lado B, etc e tal. Então até hoje, a gente olha estrategicamente para o repertório. E começamos pelo que mais gostávamos, conseguimos agregar quase todos os hits radiofônicos e demos espaço para o lado B. Agora, as músicas entram de uma forma mais democrática. “Olha, galera, está faltando tal música, que não foi tão hit, mas que é interessante tocar, ou que foi um hit de uma execução mais difícil...”. Tem muita coisa que a gente ainda não conseguiu estruturar uma maneira satisfatória de tocar porque ela tem muitos elementos e temos que respeitar nossa formação. Então a gente parte do que a gente escuta, tenta manter a fidelidade, tenta entregar uma coisa que seja agradável de se ouvir e que seja reconhecível, que a pessoa possa cantar junto. É muito difícil montar repertório. O show tem 1h50, 2h, e sempre fica música de fora e a gente sempre recebe os pedidos, tentar interagir, tenta perguntar nas redes sociais, tenta ser o mais democrático e fazer um rodízio com as músicas que a gente tem.
Cláudio: Um detalhe importante é o seguinte: a gente toca algumas músicas que nem o Elton toca. Por exemplo, ele não toca “Nikita”, “The One”, “Circle Of Life”. Algumas das músicas que estão em nosso repertório, a gente fez uma pesquisa e viu que ele não toca há 20 anos, 15 anos, no show. Mas a gente faz questão de fazer. Tem umas outras também. “Little Jeannie” ele não toca...
Alex: “Skyline Pigeon” só toca no Brasil... ele coloca no repertório para agradar os fãs brasileiros, pois essa música fez muito sucesso em uma novela. E a gente sempre a coloca no final do show, que é o momento de catarse, que todo mundo identifica. Essa nunca sai do repertório. Nosso repertório segue épocas, então tem bloco de 70, bloco de 80, bloco de 90, a gente vai jogando com isso, pois é um cantor com 50 anos de hits, então tem como você fazer esses módulos. Aí as pessoas vão identificando quais as músicas do seu tempo. E é muito fácil de brincar com repertório, mas é difícil fazê-lo caber sem deixar coisas de fora. É bem difícil.

Blog For You: Em que o filme “Rocketman” contribuiu?
Cláudio: “Tiny Dancer”, por exemplo, que a gente tocou hoje aqui, não fazia parte do nosso repertório ainda. Possivelmente, entraria mais pra frente. Quando saiu o segundo trailer do filme, esse era o tema. Aí resolvemos colocá-la logo em nosso repertório, pois se ela era tema do trailer, devia ser importante no filme.

Blog For You: Além de Elton John, quais outros artistas vocês admiram e os inspiram?
Cláudio: Beatles... eu sou muito eclético, bem mais que o Alex. Eu gosto muito de hard rock, de metal, de samba. Gosto de Van Halen, Iron Maiden, Rush, Queen, Keane, que é uma banda recente dos anos 2000, que o Alex me ensinou a gostar, Muse, uma banda que também é recente e que eu ensinei o Alex a gostar. Muita coisa atual também, que eu aprendi a respeitar, que não sou de ouvir em casa, como a Lady Gaga, que é talentosíssima. Não é o estilo de música que eu gosto, mas respeito. Gosto demais do trabalho dela. Gosto de muita coisa.
Alex: MPB, Rock Brasil... a gente é bem eclético.
Cláudio: Tem uma teoria que diz que o nosso gosto musical é formatado aos 13 anos de idade. Quando eu tinha 13 anos, a Blitz estourou com “Você não soube me amar”, né? Então, assim, a minha vida foi rock nacional, era o que me atingia de todos os lados. Minha mãe e minha avó ouviam Roberto Carlos o dia inteiro, que eu também adoro, o trabalho antigo dele.

Blog For You: Quais os seus próximos projetos?
Alex: A gente tem que abrir novas portas, tocar em novos lugares, falta colocarmos coisa no repertório ainda. Eu tenho uma missão particular que muito me consome, que é o figurino. A parte cênica é muito importante para o Elton John, então, eu tenho essa cruzada de melhorar figurino, de acertar referências, aumentar o repertório e conquistar novas casas, nas quais ainda não tocamos. É um trabalho diferenciado, que tem público, que até consegue impressionar quem vê pela primeira vez, que é difícil de fazer, mas é um produto que tem muita saída, que a gente conseguiria vender fácil. É que essa jornada dupla de ter que tocar, apresentar o show e ter que vender também, acaba nos demandando tempo. Mas eu diria que o dever de casa do palco tem sido feito. A proposta agora é expandir o comercial, a divulgação, as entrevistas. Expandir esse cenário em volta do palco. A gente focou no que era o produto, agora é focar em vender o produto da melhor maneira possível.

A Rocket Band, no palco do Nativoo. Foto: Blog For You.