segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Rocket Band

Cláudio Francioni, Alex Feitosa, Raphael Assunção e
Erick Cardoso, a Rocket Band. Foto: Divulgação/Facebook.

Sir Elton Hercules John tem sido merecidamente celebrado. De “Rocketman”, cinebiografia do cantor e compositor, a tributos que lotam teatros e casas de shows. Uma dessas homenagens, particularmente, nos chamou a atenção: a “Rocket Band - Elton John Tribute”. Foi em uma terça-feira do mês de abril, quando estivemos no Teatro Rival Petrobras, movidas pelo fato de sermos fãs de Elton e a curiosidade sobre um tributo em sua homenagem. Casa lotada. No palco, apenas a banda e seus convidados. De extravagante, só os óculos a lá Elton John. No repertório, clássicos como “Skyline Pigeon”, “Circle Of Life”, “Nikita” e “Crocodile Rock”, entre outros. Alex Feitosa (piano e voz), Cláudio Francioni (baixo e voz), Erick Cardoso (bateria) e Raphael Assunção (guitarra e voz) emocionaram o público com seu carisma e a celebração à bela obra de Elton John.
O mesmo se repetiu mês passado, no Quiosque Nativoo Bar Beach Rest, em Copacabana. Após o show, conversamos com Alex e Cláudio. Confira a entrevista:

Blog For You: Como vocês se conheceram?
Cláudio: Eu e o baterista estudamos juntos na faculdade de Educação Física. Eu conheço o Erick desde 1989. Há exatos 30 anos. Meu amigo. Sempre tocamos em projetos, festinhas. O Alex, eu conheci por intermédio de um outro amigo meu que não tem nada a ver com a música, de escola de samba. Pouco depois, a gente já estava fazendo uma banda chamada Lunes, que existe até hoje, só que com uma outra proposta. É uma banda de festa, de baile. A gente ficou com a Lunes por algum tempo, aí depois o Alex foi tocar com outros projetos. A Lunes parou um tempo e, no ano passado, me deu esse estalo. Está uma onda bem legal de tributo, né? Tem várias casas que apostam muito nisso e, inclusive, tem tributo a um monte de coisas. Um dia, não lembro o porquê, pensei “Cara, Elton John ninguém nunca fez!”. O Alex é muito fã do Elton John, então eu não preciso nem convidar, é só falar “vamos fazer ” e pronto! O Erick é outro amigo meu que topa qualquer coisa, o que chamar ele vai. E aí, eu já criei o grupo. Não tinha nome ainda. Só sabíamos que era uma banda para fazer um tributo a Elton John. O guitarrista era o Marco, um outro amigo nosso que faz outros tributos também, ao Elvis, ao The Smiths, e por causa desses compromissos com a outra banda, ele não pode ficar. O Alex convidou o Rafa (Raphael Assunção), que tocava em outro tributo com ele, ao Whitesnake.
Alex: Ele se encaixou perfeitamente com a banda. Grupo todo fechado e aí fomos agregando mais vocais e hoje a gente tem sub-agregados também que trabalham na banda. A gente tem nove pessoas trabalhando na Rocket Band. Nós somos um núcleo de quatro instrumentistas, fazendo voz principal e vocal e, esporadicamente, temos as substituições e vocais dependendo do tamanho dos shows. Tem uma estrutura montada que vai se adequando de acordo com o tamanho da oportunidade que a gente tem.

Blog For You: E sobre esse trabalho com a banda de festas...
Cláudio: Foi no final de 2006, 2007. Eu, Alex e o Erick tocávamos em uma banda com amigo em comum, André Rondinelli, só que era uma outra proposta. Era uma proposta de rock clássico, tinha umas coisas, inclusive, de Elton John. Lembro que tocávamos “Rocketman” com o André, que era cantor e com um outro guitarrista. Tocamos com ele por seis meses. Quando formamos a Lunes, em 2007, era uma banda que tocava Anos 80. Era época da “Festa Ploc”, “Perdidos na Selva”, bombando. A gente criou a Lunes para tocar o repertório que essas bandas não tocavam. Geralmente, eles iam no rock nacional, músicas bem populares. A gente tocava coisas dos anos 80 que também eram bem populares, mas que essas bandas geralmente não tocavam. A gente fazia meio que o lado B dos anos 80. Logo depois, a gente começou a tocar de tudo. Anos 70, anos 60. O que vier a gente toca.

Blog For You: Como surgiu a ideia de formar uma banda para tocar sucessos de Elton John? Por que Elton?
Cláudio: Eu gosto muito do Elton John. O Alex é fã. E foi exatamente desse lance de não ter um tributo a Elton John. Eu não sabia do filme. A minha ideia foi mais ou menos em setembro, outubro do ano passado. Quando vimos a primeira divulgação do filme, já tínhamos feito alguns ensaios. Achei mais legal ainda porque a carreira de Elton voltaria à tona e as pessoas lembrariam da gente.
Alex: Foi até complicado porque muita gente tentou pegar carona por causa do filme e montar, correndo, tributo a Elton John. Só que é uma coisa que dá trabalho para fazer, não dá para ficar pronto muito rápido. Quando o filme saiu, nós já estávamos com o trabalho pronto e a galera que tentou fazer correndo acabou não conseguindo entregar, pois, pelo que eu saiba, não rolou outro tributo.
Cláudio: Não é tão fácil montar um banda assim. Qualquer um pode montar uma banda de Elton John, com um cantor, um pianista. Agora, você achar um pianista que goste tanto do trabalho do Elton, que toque as coisas de uma forma fiel e que também cante, como é o Alex, você não encontra em qualquer lugar. Então é complicado. O pessoal pode querer montar, mas é difícil.
Alex: E uma banda com o vocalista separado ficaria estranho.

Blog For You: Como vocês selecionam o repertório?
Alex: O coração manda, né?... se vocês repararem, todo dia na JB toca uma música do Elton John. Por volta das 21h, 21h30 é o horário do Elton John tocar. Então a gente partiu do que a gente gostava, comparando com execução no rádio. A gente andou as décadas, olhou os hits e dentro destes o que a gente gostava de executar. Já tinha uma massa muito grande de repertório e aí começamos a ouvir o que a galera queria escutar. Se você faz um show só de hits, o fã também não se sente representado. Quer ouvir aquele lado B, etc e tal. Então até hoje, a gente olha estrategicamente para o repertório. E começamos pelo que mais gostávamos, conseguimos agregar quase todos os hits radiofônicos e demos espaço para o lado B. Agora, as músicas entram de uma forma mais democrática. “Olha, galera, está faltando tal música, que não foi tão hit, mas que é interessante tocar, ou que foi um hit de uma execução mais difícil...”. Tem muita coisa que a gente ainda não conseguiu estruturar uma maneira satisfatória de tocar porque ela tem muitos elementos e temos que respeitar nossa formação. Então a gente parte do que a gente escuta, tenta manter a fidelidade, tenta entregar uma coisa que seja agradável de se ouvir e que seja reconhecível, que a pessoa possa cantar junto. É muito difícil montar repertório. O show tem 1h50, 2h, e sempre fica música de fora e a gente sempre recebe os pedidos, tentar interagir, tenta perguntar nas redes sociais, tenta ser o mais democrático e fazer um rodízio com as músicas que a gente tem.
Cláudio: Um detalhe importante é o seguinte: a gente toca algumas músicas que nem o Elton toca. Por exemplo, ele não toca “Nikita”, “The One”, “Circle Of Life”. Algumas das músicas que estão em nosso repertório, a gente fez uma pesquisa e viu que ele não toca há 20 anos, 15 anos, no show. Mas a gente faz questão de fazer. Tem umas outras também. “Little Jeannie” ele não toca...
Alex: “Skyline Pigeon” só toca no Brasil... ele coloca no repertório para agradar os fãs brasileiros, pois essa música fez muito sucesso em uma novela. E a gente sempre a coloca no final do show, que é o momento de catarse, que todo mundo identifica. Essa nunca sai do repertório. Nosso repertório segue épocas, então tem bloco de 70, bloco de 80, bloco de 90, a gente vai jogando com isso, pois é um cantor com 50 anos de hits, então tem como você fazer esses módulos. Aí as pessoas vão identificando quais as músicas do seu tempo. E é muito fácil de brincar com repertório, mas é difícil fazê-lo caber sem deixar coisas de fora. É bem difícil.

Blog For You: Em que o filme “Rocketman” contribuiu?
Cláudio: “Tiny Dancer”, por exemplo, que a gente tocou hoje aqui, não fazia parte do nosso repertório ainda. Possivelmente, entraria mais pra frente. Quando saiu o segundo trailer do filme, esse era o tema. Aí resolvemos colocá-la logo em nosso repertório, pois se ela era tema do trailer, devia ser importante no filme.

Blog For You: Além de Elton John, quais outros artistas vocês admiram e os inspiram?
Cláudio: Beatles... eu sou muito eclético, bem mais que o Alex. Eu gosto muito de hard rock, de metal, de samba. Gosto de Van Halen, Iron Maiden, Rush, Queen, Keane, que é uma banda recente dos anos 2000, que o Alex me ensinou a gostar, Muse, uma banda que também é recente e que eu ensinei o Alex a gostar. Muita coisa atual também, que eu aprendi a respeitar, que não sou de ouvir em casa, como a Lady Gaga, que é talentosíssima. Não é o estilo de música que eu gosto, mas respeito. Gosto demais do trabalho dela. Gosto de muita coisa.
Alex: MPB, Rock Brasil... a gente é bem eclético.
Cláudio: Tem uma teoria que diz que o nosso gosto musical é formatado aos 13 anos de idade. Quando eu tinha 13 anos, a Blitz estourou com “Você não soube me amar”, né? Então, assim, a minha vida foi rock nacional, era o que me atingia de todos os lados. Minha mãe e minha avó ouviam Roberto Carlos o dia inteiro, que eu também adoro, o trabalho antigo dele.

Blog For You: Quais os seus próximos projetos?
Alex: A gente tem que abrir novas portas, tocar em novos lugares, falta colocarmos coisa no repertório ainda. Eu tenho uma missão particular que muito me consome, que é o figurino. A parte cênica é muito importante para o Elton John, então, eu tenho essa cruzada de melhorar figurino, de acertar referências, aumentar o repertório e conquistar novas casas, nas quais ainda não tocamos. É um trabalho diferenciado, que tem público, que até consegue impressionar quem vê pela primeira vez, que é difícil de fazer, mas é um produto que tem muita saída, que a gente conseguiria vender fácil. É que essa jornada dupla de ter que tocar, apresentar o show e ter que vender também, acaba nos demandando tempo. Mas eu diria que o dever de casa do palco tem sido feito. A proposta agora é expandir o comercial, a divulgação, as entrevistas. Expandir esse cenário em volta do palco. A gente focou no que era o produto, agora é focar em vender o produto da melhor maneira possível.

A Rocket Band, no palco do Nativoo. Foto: Blog For You.

2 comentários:

  1. Adorei a entreVista... mesmo !!!
    As perguntas foram bem colocadas e com as respostas entendemos bem à proposta deles.
    Paulo

    ResponderExcluir
  2. Como é bom nesses tempos de internet pulverizada encontrar textos bem escritos. Melhor ainda é poder contribuir com esses textos. Muito obrigado pelo carinho e profissionalismo desde o primeiro post que escreveram sobre a Rocket. Que nossos projetos ainda se encontrem muitas e muitas vezes.

    ResponderExcluir