quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Junior Dantas

Foto: arquivo pessoal.

Junior Dantas nasceu em Ipueira, cidade do interior do Rio Grande do Norte, na divisa com a Paraíba. Desde criança, gosta de teatro e, incentivado por um grupo amador, começou a atuar. A vontade de se aprimorar o levou a Campina Grande (PB), onde cursou Jornalismo. Foi lá também onde teve a certeza de que carreira iria seguir, ao entrar, pela primeira vez, em um teatro. Em Angra dos Reis (RJ), participou do Festival Internacional de Teatro de Angra (FITA), onde conheceu a atriz e diretora da Cia. OmondÉ, Inez Viana. Nessa companhia, Junior está há 10 anos e estreia, em janeiro, o espetáculo “Auto de João da Cruz”, de Ariano Suassuna.
Em entrevista às Meninas do Blog, o ator potiguar fala sobre sua trajetória, o grande sucesso “O Pequeno Príncipe Preto”, que surgiu de uma história pessoal, e seu próximo trabalho na Cia. OmondÉ. Confira!

Blog For You: Você sempre sonhou em ser ator?
Junior Dantas: Eu sou de uma cidade muito pequena, no interior do Rio Grande do Norte chamada Ipueira, que tem um pouco mais de 2000 habitantes. É a segunda cidade menos populosa do estado do Rio Grande do Norte. A minha infância toda foi lá. Aliás, até hoje minha família mora lá, minha mãe, meus irmãos...  E lá, eu tive muitas referências legais. Tinha um grupo de teatro amador na cidade, o circo... Então, eu tive uma infância muito lúdica, bem legal, cheia de brincadeiras. Eu lembro que com 7 ou 8 anos, eu já me interessava por teatro e já fazia apresentações em escola, igreja e também era muito ligado a esse grupo de teatro amador que rolava na minha cidade. Então, sempre foi um sonho sim. Claro que lá era uma cidade muito pequena, não tinha um teatro, um espaço físico, mas é uma cidade muito cultural.

Blog For You: “O Pequeno Príncipe Preto” foi idealizado por você. Há um quê de biográfico? Conte-nos um pouco de sua infância e sua trajetória de Ipueira até o Rio de Janeiro.
Junior Dantas: Quando eu era criança, em Ipueira mesmo, ia rolar uma apresentação do Pequeno Príncipe, na minha escola, e eu pedi à professora para fazer o personagem e ela me disse que eu não poderia porque eu não tinha as características físicas desse príncipe, que eu não era loiro, que eu não tinha os olhos claros e aí eu cresci com isso. Aliás, na minha infância, eu não tinha muitas referências positivas dos personagens, dos super-heróis, ou quando ligava a TV, ou quando lia um livro e, claro, eu não entendi muito bem isso, né? Cresci com isso. E foi daí que surgiu sim a ideia de fazer o projeto e chamei alguns amigos. A galera topou, comprou a ideia, e daí surgiu “O Pequeno Príncipe Preto”. Tem uma parte do espetáculo em que eu narro o porquê montamos a peça. Mas claro a gente pegou a história do pequeno príncipe e trouxemos para a nossa cultura, a cultura africana, a cultura brasileira, para que as pessoas se identifiquem com a história. Partiu também da pergunta “por que todo príncipe é sempre loiro, do olho claro e vai chegar num cavalo branco?” E nós somos todos príncipes e princesas. E é isso, a gente conta a nossa história.

Blog For You: “O Pequeno Príncipe Preto” já foi visto por mais de 60 mil pessoas, em teatros e escolas públicas, Brasil afora. Você imaginou que o espetáculo alcançaria todo esse sucesso?
Junior Dantas: É o meu primeiro espetáculo independente aqui no Rio de Janeiro. Eu faço parte de uma companhia chamada OmondÉ, que é dirigida pela Inêz Viana. E é engraçado porque realmente você não imagina fazer teatro, uma peça não tem uma fórmula, não é uma receita de bolo, então, assim, tudo pode acontecer. Claro que a gente sempre se pergunta “será que vai dar público?”, “vai dar certo?”. Só que essa peça já cresceu com muita força. A vontade da equipe, a gente estreou em plena Copa do Mundo, em 2018, no Glauce Rocha. Era para ficar um mês, nós ficamos três meses, lotando, fazendo sessão extra e só saímos do teatro porque começamos a receber convites. Então, foi um espetáculo onde a equipe toda se dedicou, que eu me dediquei muito e aconteceu muita coisa legal, de chegar em lugares aos quais eu estava indo pela primeira vez na vida, como Porto Velho (RO) ou ter que ir a Goiás e ter que fazer sessão extra. É muito bacana você perceber a força do trabalho, de como chegar às pessoas que também querem ouvir a sua história e como elas se identificam, como elas se sentem representadas. O que eu vi de depoimentos de pessoas que também passaram por histórias iguais as minhas e pessoas na minha idade que não tiveram esses personagens na infância se emocionando, se identificando e levando os filhos, as crianças para assistir... É um espetáculo que vai além do teatro pois, através dele, a gente cria um debate, uma conversa entre pais e filhos. É um espetáculo para a família inteira. Então, eu fico super feliz com o alcance que teve. É um projeto que eu não quero parar.

Blog For You: As culturas africana e afro-brasileira vêm sendo encenadas sob um novo olhar, em montagens que vêm ganhando cada vez mais espaço. Como você percebe isso?
Junior Dantas: Eu acho que sim, que estamos ocupando espaço, estamos criando projetos, espetáculos. Eu acho que ainda é muito pouco, mas nós estamos caminhando. O Brasil é um país racista, o país em que os negros não tem muita oportunidade, mas eu acho que a nossa luta é essa, é através da arte, através do amor, chegar nas pessoas, chegar na população, chegar no público. E se nós somos mais de 50% da população brasileira, a gente sim tem público para assistir, tem histórias pra contar, aliás, muitas histórias pra contar. O que eu vejo é que, apesar de ainda ser pouco, estamos caminhando, mas que bacana que estamos tendo esse espaço. Estamos lutando, estamos ocupando, nossos corpos estão lá, estamos contando nossas histórias, estamos sendo protagonistas, porque a gente vem de uma cultura na qual, com todo respeito as outras profissões, o negro só faz a empregada doméstica, o vendedor ou aquele que está preso. Então, está na hora de mudar essa história, de mudar essas narrativas e de que a gente ocupe todos os lugares, todos os teatros, as TVs, os cinemas, os comerciais de produtos, tudo.

Blog For You: Há nove anos você integra a companhia teatral OmondÉ. Como aconteceu esse encontro?
Junior Dantas: Então... eu sou do Rio Grande do Norte e a minha história é bem longa. Vou resumir: sou de Ipueira e fui estudar jornalismo em Campina Grande, na Paraíba, e lá, me profissionalizei. Comecei a entrar em companhias profissionais, registros de ator. Quando acabei a faculdade de jornalismo, fui morar em Angra dos Reis com dois amigos atores. Lá, começamos tudo de novo: montamos companhia, fizemos muitos espetáculos. Em Angra tem a FITA, que é o Festival Internacional de Teatro de Angra. A FITA convidou a Inez Viana para dirigir um espetáculo do Ariano Suassuna e, em contrapartida, teria que ter três atores de Angra e foi aí que eu fiz o teste e entrei na Companhia OmondÉ e estou lá até hoje. Aliás, nós vamos fazer dez anos e, em janeiro, a gente vai estrear um espetáculo, no Sesi do Centro, escrito na década de 50 pelo Ariano Suassuna que se chama “O Auto de João da Cruz”. Estamos em fase de ensaio e dia 16 de janeiro a gente estreia aqui no Centro do Rio. E foi um encontro maravilhoso porque tem pessoas de vários lugares, regiões, estados do Brasil, então a gente aprende muito, troca muitas ideias, já fizemos muitos espetáculos, isso é bem bacana.

Blog For You: De seus personagens, qual mais te marcou? E quem ainda gostaria de interpretar?
Junior Dantas: Eu acho que todos são muito legais. Cada personagem é uma entrega, é uma vida, a gente leva muito da nossa personalidade, mas eu não posso negar que ultimamente o Pequeno Príncipe Preto me marcou muito, ainda está muito em mim e foi muito prazeroso. Sempre fiz muito espetáculo para adulto e esse encontro com o público infanto-juvenil, com as famílias, eu falo que é uma missão, eu não quero parar. Já estou pensando no próximo espetáculo infanto-juvenil, quero muito trabalhar com essa questão de quebra dos padrões, dos estereótipos, da cultura africana, que tem esse recorte racial. No momento, na cabeça vem o Pequeno Príncipe Preto... as pessoas nem me chamam mais de Junior, mas dizem “e aí Príncipe”, “e aí, Príncipe Preto”, então é realmente um personagem bem marcante.

Blog For You: O que te distrai nas horas vagas?
Junior Dantas: Adoro muito, quando tenho tempo, viajar para Ipueira para ver minha família. Lá tenho meus amigos de infância, minhas sobrinhas, minha mãe, meus irmãos. Aqui no Rio, também gosto muito de ver peças. Quando está de folga, ator vai ver peça, né? Vejo muitos espetáculos, gosto de correr. Eu moro aqui na Glória, na Praça Paris, então, gosto de ir à feira nos finais de semana, comprar várias coisas. Gosto muito de conversar, de rir, de dançar, essas coisas todas.

Blog For You: Sobre o futuro... quais os seus projetos? Que novidades podemos esperar?
Junior Dantas: Com  relação a companhia OmondÉ, em janeiro já estreia o espetáculo e, também, já no primeiro semestre, eu estreio um novo espetáculo infanto-juvenil, que está vindo com muitas novidades, muitas surpresas, então, aguardem porque vai ser bem bacana. Eu estou muito animado para 2020!

sábado, 7 de dezembro de 2019

Três perguntas para “Official Arnold Fan”

Imagem cedida pelo nosso entrevistado.



Ator, fisiculturista, empresário e político... Arnold Schwarzenegger é um dos mais conhecidos campeões de fisiculturismo e protagonistas de filmes de ação do mundo. Venceu o concurso Mister Universo pela primeira vez em 1967 na categoria amador e, nos três anos seguintes, na categoria profissional. O concurso de físiculturismo Mr. Olympia, Schwarzenegger venceu sete vezes. A estreia no cinema veio com o filme “Conan, o Bárbaro” , em 1982, mas ganhou notoriedade dois anos depois ao participar de “O Exterminador do Futuro”.
Como ator e como esportista, Arnold conquistou muitos fãs mundo afora e é para um deles que fizemos as três perguntas de hoje...

Três perguntas para @officialarnoldfan

Blog For You: Qual filme você considera ser o mais importante na carreira de seu ídolo?
@officialarnoldfan: Na minha opinião, o mais importante foi “Conan, o Bárbaro”, pois foi o filme que lançou Arnold, que o fez famoso. Mas “O Exterminador do Futuro 2” também foi muito importante para o Arnold.

Blog For You: Você acompanha a trajetória de Arnold como físiculturista? O que você pode nos dizer sobre o Arnold Sports Festival?
@officialarnoldfan: Sim, na verdade, eu o acompanho mais no Fisiculturismo. A conta @officialarnoldfan foi criada com o propósito de mostrá-lo na época em que competia. Um dos meus sonhos é competir no Arnold Sports Festival, no fisiculturismo, mas esse festival da oportunidade para atletas de todas as modalidades. Acho isso o máximo. Modalidades pouco conhecidas têm a  oportunidade de aparecer em algo grande como esse festival.

Blog For You: O que você diria a seu ídolo se tivesse a oportunidade de encontrá-lo?
@officialarnoldfan: Se eu tivesse a oportunidade de encontrá-lo, acho que cairia para trás. Eu apertaria a mão dele e diria “obrigado por ter me motivado a mudar de vida, ter uma vida saudável, por ter me ensinado muitas coisas mesmo sem me conhecer. E que um dia eu queria ser uma pessoa igual a ele, que motiva as pessoas a não fazer o ”errado” e sempre seguir em frente com os seus sonhos, mesmo que o mundo te diga não.

Imagem cedida pelo nosso entrevistado.













quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Duo Santoro

Duo Santoro pelas lentes de Stefano Aguiar.



Gêmeos idênticos, Paulo e Ricardo Santoro tocam juntos há mais de 30 anos e são uma referência no violoncelo. O instrumento foi presente do pai, Sandrino Santoro, ícone nacional do contrabaixo, e serviria de intermediário até que os meninos atingissem a altura necessária para se tornarem contrabaixistas tal como o patriarca. O violoncelo de temporário passou a ser paixão para toda a vida.
Os dois têm caminhado, quase sempre, lado a lado. Formaram-se juntos, em 1989, pela Escola de Música da UFRJ com nota máxima E obtiveram o título de Especialização em Violoncelo pela mesma Universidade. Mestres em Música, Paulo e Ricardo foram aprovados nos concursos para integrar a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) e a Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ), onde atuam desde 1986 e 1989, respectivamente. Como solistas, já se apresentaram à frente de várias orquestras e participam de outras formações camerísticas distintas, tais como Trios, Quartetos e outros Duos. Separadamente, atuam Paulo no Quarteto Brasiliana e no Duo Interarte e Ricardo nos trios Mignone, Aquarius e Harmonitango.
O Duo Santoro fez sua estreia em 1990, tendo como uma de suas principais metas a divulgação da música brasileira. Para isso, contam com a colaboração de diversos compositores. Seu repertório vai do erudito ao popular, apresentando uma mistura de estilos. O primeiro CD, “Bem Brasileiro”, foi lançado em maio de 2013. O segundo, “Paisagens Cariocas”, veio em 2017 e foi eleito pela Revista Bravo como um dos dez álbuns imperdíveis de música erudita.
Considerado pelo público e pela crítica especializada como o mais conceituado duo violoncelístico brasileiro, o Duo Santoro já se apresentou nas principais salas de concerto do Brasil e em outros países.
Em entrevista para as “Meninas do Blog”, Ricardo Santoro contou um pouco mais sobre a trajetória do Duo e os próximos projetos. Confira!


Blog For You: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória. Como começou a música em sua vida?

Duo Santoro: A música foi uma coisa que aconteceu muito naturalmente nas nossas vidas. O nosso pai, Sandrino Santoro, é um exímio contrabaixista, chegando a ter cinco empregos aqui no Rio de Janeiro. Como todo filho tem o pai como ídolo, nós também queríamos seguir a carreira do nosso pai. E ele, desde sempre, nos incentivava na música. Começamos na flauta doce com cinco anos, depois passamos para a teoria musical com sete anos, passamos para o piano com dez anos, e, finalmente, com treze anos, começamos no violoncelo. O grande detalhe é que o nosso objetivo era tocar contrabaixo, tal qual o pai, mas o violoncelo, que era provisório, acabou ficando nas nossas vidas em definitivo.


Blog For You: Vocês integram a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica da UFRJ, além de outras formações camerísticas como Trios, Quartetos e outros Duos. Conte-nos sobre essas experiências.
Duo Santoro: Fazemos parte da OSB desde 1986 e da OSUFRJ desde 1989. São duas instituições marcantes no cenário musical brasileiro e que sempre nos acolheram com muito carinho. Apesar da dedicação a essas orquestras, o nosso pai sempre nos incentivou a fazer música de câmara para que nos tornássemos músicos completos. Seguindo a eterna orientação dele, fizemos várias formações camerística ao longo das nossas carreiras: duos de violoncelo e piano com vários pianistas, trios com formações diversas e quartetos de cordas. Hoje mantemos as seguintes formações estáveis: Duo Santoro (violoncelos), Trio Aquarius (violino, violoncelo e piano), Trio Mignone (flauta, violoncelo e piano), Harmonitango (harmônica, violoncelo e piano), Quarteto Brasiliana (dois violinos, viola e violoncelo) e Duo Interarte (violoncelo e violão). Com essas formações camerísticas, tocamos por todo o Brasil e também no exterior.

Blog For You: O Duo Santoro é o único em atividade permanente. Como vocês organizam sua agenda?
Duo Santoro: Não é fácil a tarefa de organizarmos as nossas agendas, pois não temos um produtor oficial que nos ajude nessa parte. Tudo é feito por nós mesmos, desde o primeiro contato, por e-mail ou celular ou redes sociais, até o resultado final no palco de um teatro. Evidentemente, quando somos procurados por produtores para um trabalho avulso, aceitamos com o maior prazer. Além de tudo isso relatado acima, ainda temos que conciliar a agenda do Duo Santoro com a agenda das orquestras e dos grupos de câmara dos quais fazemos parte, sem contar as aulas que damos, pois ainda somos professores no tempo que nos resta.

Blog For You: Que conselho vocês dariam para quem pretende ser músico?
Duo Santoro: A carreira de músico não é fácil, assim como qualquer outra carreira, mas o conselho que dou é que estudem sempre, nunca se acomodem, procurando sempre se aperfeiçoarem com profissionais respeitados. O sucesso de um músico está diretamente ligado ao tempo que ele se dedica ao seu instrumento. Talento sem esforço não resulta em nada, infelizmente...

Blog For You: Como é o processo de composição de vocês? E como é feita a seleção das músicas que são apresentadas em seus concertos? 
Duo Santoro: Tenho que confessar que não compomos nada. Não temos composições. Temos, sim, arranjos, mas não são composições. 
A seleção das músicas que fazemos para um concerto é sempre feita pensando em agradar o nosso público. Normalmente tocamos músicas clássicas brasileiras e internacionais e músicas populares brasileiras. E sempre conversamos com a plateia explicando um pouco sobre as músicas que tocaremos, seus compositores e o período da história da música em que elas foram escritas.

Blog For You: Quanto tempo vocês estudam/ensaiam por dia?
Duo Santoro: Isso é muito variável. Quando temos um concerto próximo, as horas de estudo e de ensaio se intensificam. E, ao contrário, quando o concerto não está próximo, as horas de estudo e de ensaio são menores. Na média, estudamos por volta de quatro horas por dia, individualmente, e ensaiamos por volta de três horas por dia, em conjunto.

Blog For You: Quais são os seus próximos projetos?
Duo Santoro: Temos dois projetos à vista. Gravar o terceiro CD com músicas brasileiras, mas, dessa vez, somente com músicas dedicadas ao Duo Santoro, e gravar um quarto CD, com músicas italianas clássicas e populares, para valorizar também a nossa ascendência italiana (nosso pai é italiano).


Foto: Stefano Aguiar.





quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

“Fluvius”: Paula Klien no Centro Cultural Correios

Ana Cavalieri, Paula Klien e Maria Cristina Lagoas.
Foto: Pedro Luz.

A artista plástica Paula Klien inaugurou, na terça-feira (03) à noite, a exposição “Fluvius”. Sob a curadoria de Denise Mattar, a artista reúne trabalhos recentes e algumas obras produzidas anteriormente. Um vídeo, exibido em um dos ambientes da mostra, revela o processo de trabalho de Paula, que se caracteriza pelo uso do Nanquim em tela e em papel. 
Duas exuberantes raízes chamam a atenção na exposição. A artista justifica a presença delas explicando que “as raízes protegem o rio das erosões, elas seguram a terra evitando que o rio seja soterrado; sou raiz, daquelas bem profundas, espalhadas, emaranhadas, enroladas, retorcidas e enroscadas, as que mais servem para manter a terra firme — e que deixam a água fluir.”
A energia impressa por Paula Klien em suas obras põe à vista telas delicadas e que, ao mesmo tempo, provocam emoções intensas e profundas, tal como o correr das águas de um rio.

Um vídeo feito especialmente para a mostra
é exibido em um dos ambientes.


Onde e quando assistir?

Centro Cultural Correios: Rua Visconde de Itaboraí 20, Centro. Terça a domingo, do meio-dia às 19h. Até 26 de janeiro.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Rocket Band

Cláudio Francioni, Alex Feitosa, Raphael Assunção e
Erick Cardoso, a Rocket Band. Foto: Divulgação/Facebook.

Sir Elton Hercules John tem sido merecidamente celebrado. De “Rocketman”, cinebiografia do cantor e compositor, a tributos que lotam teatros e casas de shows. Uma dessas homenagens, particularmente, nos chamou a atenção: a “Rocket Band - Elton John Tribute”. Foi em uma terça-feira do mês de abril, quando estivemos no Teatro Rival Petrobras, movidas pelo fato de sermos fãs de Elton e a curiosidade sobre um tributo em sua homenagem. Casa lotada. No palco, apenas a banda e seus convidados. De extravagante, só os óculos a lá Elton John. No repertório, clássicos como “Skyline Pigeon”, “Circle Of Life”, “Nikita” e “Crocodile Rock”, entre outros. Alex Feitosa (piano e voz), Cláudio Francioni (baixo e voz), Erick Cardoso (bateria) e Raphael Assunção (guitarra e voz) emocionaram o público com seu carisma e a celebração à bela obra de Elton John.
O mesmo se repetiu mês passado, no Quiosque Nativoo Bar Beach Rest, em Copacabana. Após o show, conversamos com Alex e Cláudio. Confira a entrevista:

Blog For You: Como vocês se conheceram?
Cláudio: Eu e o baterista estudamos juntos na faculdade de Educação Física. Eu conheço o Erick desde 1989. Há exatos 30 anos. Meu amigo. Sempre tocamos em projetos, festinhas. O Alex, eu conheci por intermédio de um outro amigo meu que não tem nada a ver com a música, de escola de samba. Pouco depois, a gente já estava fazendo uma banda chamada Lunes, que existe até hoje, só que com uma outra proposta. É uma banda de festa, de baile. A gente ficou com a Lunes por algum tempo, aí depois o Alex foi tocar com outros projetos. A Lunes parou um tempo e, no ano passado, me deu esse estalo. Está uma onda bem legal de tributo, né? Tem várias casas que apostam muito nisso e, inclusive, tem tributo a um monte de coisas. Um dia, não lembro o porquê, pensei “Cara, Elton John ninguém nunca fez!”. O Alex é muito fã do Elton John, então eu não preciso nem convidar, é só falar “vamos fazer ” e pronto! O Erick é outro amigo meu que topa qualquer coisa, o que chamar ele vai. E aí, eu já criei o grupo. Não tinha nome ainda. Só sabíamos que era uma banda para fazer um tributo a Elton John. O guitarrista era o Marco, um outro amigo nosso que faz outros tributos também, ao Elvis, ao The Smiths, e por causa desses compromissos com a outra banda, ele não pode ficar. O Alex convidou o Rafa (Raphael Assunção), que tocava em outro tributo com ele, ao Whitesnake.
Alex: Ele se encaixou perfeitamente com a banda. Grupo todo fechado e aí fomos agregando mais vocais e hoje a gente tem sub-agregados também que trabalham na banda. A gente tem nove pessoas trabalhando na Rocket Band. Nós somos um núcleo de quatro instrumentistas, fazendo voz principal e vocal e, esporadicamente, temos as substituições e vocais dependendo do tamanho dos shows. Tem uma estrutura montada que vai se adequando de acordo com o tamanho da oportunidade que a gente tem.

Blog For You: E sobre esse trabalho com a banda de festas...
Cláudio: Foi no final de 2006, 2007. Eu, Alex e o Erick tocávamos em uma banda com amigo em comum, André Rondinelli, só que era uma outra proposta. Era uma proposta de rock clássico, tinha umas coisas, inclusive, de Elton John. Lembro que tocávamos “Rocketman” com o André, que era cantor e com um outro guitarrista. Tocamos com ele por seis meses. Quando formamos a Lunes, em 2007, era uma banda que tocava Anos 80. Era época da “Festa Ploc”, “Perdidos na Selva”, bombando. A gente criou a Lunes para tocar o repertório que essas bandas não tocavam. Geralmente, eles iam no rock nacional, músicas bem populares. A gente tocava coisas dos anos 80 que também eram bem populares, mas que essas bandas geralmente não tocavam. A gente fazia meio que o lado B dos anos 80. Logo depois, a gente começou a tocar de tudo. Anos 70, anos 60. O que vier a gente toca.

Blog For You: Como surgiu a ideia de formar uma banda para tocar sucessos de Elton John? Por que Elton?
Cláudio: Eu gosto muito do Elton John. O Alex é fã. E foi exatamente desse lance de não ter um tributo a Elton John. Eu não sabia do filme. A minha ideia foi mais ou menos em setembro, outubro do ano passado. Quando vimos a primeira divulgação do filme, já tínhamos feito alguns ensaios. Achei mais legal ainda porque a carreira de Elton voltaria à tona e as pessoas lembrariam da gente.
Alex: Foi até complicado porque muita gente tentou pegar carona por causa do filme e montar, correndo, tributo a Elton John. Só que é uma coisa que dá trabalho para fazer, não dá para ficar pronto muito rápido. Quando o filme saiu, nós já estávamos com o trabalho pronto e a galera que tentou fazer correndo acabou não conseguindo entregar, pois, pelo que eu saiba, não rolou outro tributo.
Cláudio: Não é tão fácil montar um banda assim. Qualquer um pode montar uma banda de Elton John, com um cantor, um pianista. Agora, você achar um pianista que goste tanto do trabalho do Elton, que toque as coisas de uma forma fiel e que também cante, como é o Alex, você não encontra em qualquer lugar. Então é complicado. O pessoal pode querer montar, mas é difícil.
Alex: E uma banda com o vocalista separado ficaria estranho.

Blog For You: Como vocês selecionam o repertório?
Alex: O coração manda, né?... se vocês repararem, todo dia na JB toca uma música do Elton John. Por volta das 21h, 21h30 é o horário do Elton John tocar. Então a gente partiu do que a gente gostava, comparando com execução no rádio. A gente andou as décadas, olhou os hits e dentro destes o que a gente gostava de executar. Já tinha uma massa muito grande de repertório e aí começamos a ouvir o que a galera queria escutar. Se você faz um show só de hits, o fã também não se sente representado. Quer ouvir aquele lado B, etc e tal. Então até hoje, a gente olha estrategicamente para o repertório. E começamos pelo que mais gostávamos, conseguimos agregar quase todos os hits radiofônicos e demos espaço para o lado B. Agora, as músicas entram de uma forma mais democrática. “Olha, galera, está faltando tal música, que não foi tão hit, mas que é interessante tocar, ou que foi um hit de uma execução mais difícil...”. Tem muita coisa que a gente ainda não conseguiu estruturar uma maneira satisfatória de tocar porque ela tem muitos elementos e temos que respeitar nossa formação. Então a gente parte do que a gente escuta, tenta manter a fidelidade, tenta entregar uma coisa que seja agradável de se ouvir e que seja reconhecível, que a pessoa possa cantar junto. É muito difícil montar repertório. O show tem 1h50, 2h, e sempre fica música de fora e a gente sempre recebe os pedidos, tentar interagir, tenta perguntar nas redes sociais, tenta ser o mais democrático e fazer um rodízio com as músicas que a gente tem.
Cláudio: Um detalhe importante é o seguinte: a gente toca algumas músicas que nem o Elton toca. Por exemplo, ele não toca “Nikita”, “The One”, “Circle Of Life”. Algumas das músicas que estão em nosso repertório, a gente fez uma pesquisa e viu que ele não toca há 20 anos, 15 anos, no show. Mas a gente faz questão de fazer. Tem umas outras também. “Little Jeannie” ele não toca...
Alex: “Skyline Pigeon” só toca no Brasil... ele coloca no repertório para agradar os fãs brasileiros, pois essa música fez muito sucesso em uma novela. E a gente sempre a coloca no final do show, que é o momento de catarse, que todo mundo identifica. Essa nunca sai do repertório. Nosso repertório segue épocas, então tem bloco de 70, bloco de 80, bloco de 90, a gente vai jogando com isso, pois é um cantor com 50 anos de hits, então tem como você fazer esses módulos. Aí as pessoas vão identificando quais as músicas do seu tempo. E é muito fácil de brincar com repertório, mas é difícil fazê-lo caber sem deixar coisas de fora. É bem difícil.

Blog For You: Em que o filme “Rocketman” contribuiu?
Cláudio: “Tiny Dancer”, por exemplo, que a gente tocou hoje aqui, não fazia parte do nosso repertório ainda. Possivelmente, entraria mais pra frente. Quando saiu o segundo trailer do filme, esse era o tema. Aí resolvemos colocá-la logo em nosso repertório, pois se ela era tema do trailer, devia ser importante no filme.

Blog For You: Além de Elton John, quais outros artistas vocês admiram e os inspiram?
Cláudio: Beatles... eu sou muito eclético, bem mais que o Alex. Eu gosto muito de hard rock, de metal, de samba. Gosto de Van Halen, Iron Maiden, Rush, Queen, Keane, que é uma banda recente dos anos 2000, que o Alex me ensinou a gostar, Muse, uma banda que também é recente e que eu ensinei o Alex a gostar. Muita coisa atual também, que eu aprendi a respeitar, que não sou de ouvir em casa, como a Lady Gaga, que é talentosíssima. Não é o estilo de música que eu gosto, mas respeito. Gosto demais do trabalho dela. Gosto de muita coisa.
Alex: MPB, Rock Brasil... a gente é bem eclético.
Cláudio: Tem uma teoria que diz que o nosso gosto musical é formatado aos 13 anos de idade. Quando eu tinha 13 anos, a Blitz estourou com “Você não soube me amar”, né? Então, assim, a minha vida foi rock nacional, era o que me atingia de todos os lados. Minha mãe e minha avó ouviam Roberto Carlos o dia inteiro, que eu também adoro, o trabalho antigo dele.

Blog For You: Quais os seus próximos projetos?
Alex: A gente tem que abrir novas portas, tocar em novos lugares, falta colocarmos coisa no repertório ainda. Eu tenho uma missão particular que muito me consome, que é o figurino. A parte cênica é muito importante para o Elton John, então, eu tenho essa cruzada de melhorar figurino, de acertar referências, aumentar o repertório e conquistar novas casas, nas quais ainda não tocamos. É um trabalho diferenciado, que tem público, que até consegue impressionar quem vê pela primeira vez, que é difícil de fazer, mas é um produto que tem muita saída, que a gente conseguiria vender fácil. É que essa jornada dupla de ter que tocar, apresentar o show e ter que vender também, acaba nos demandando tempo. Mas eu diria que o dever de casa do palco tem sido feito. A proposta agora é expandir o comercial, a divulgação, as entrevistas. Expandir esse cenário em volta do palco. A gente focou no que era o produto, agora é focar em vender o produto da melhor maneira possível.

A Rocket Band, no palco do Nativoo. Foto: Blog For You.

sábado, 30 de novembro de 2019

Beatles e Elton na Praia de Copacabana

Na sexta-feira, dia 22, o Quiosque Nativoo Bar Beach Rest ferveu ao som das músicas da banda mais famosa de todos os tempos: The Beatles. O show em formato acústico da Black Bird contou com a participação especial da Rocket Band, que fez um belo tributo a Elton John.
A Rocket Band tocou cinco músicas de seu repertório, que é formado por sucessos do cantor britânico: “Rocketman”, “Daniel”, “Your Song”, “Skyline Pigeon” e  “Tiny Dancer” — que teve a participação especial de Luís Gamma, da Black Bird.

Rocket Band canta “Tiny Dancer” com Luís Gamma.

Depois foi a vez do público que lotava o calçadão dançar e cantar junto com a banda Black Bird  alguns dos maiores hits dos Meninos de Liverpool. “Come Together”, “All You Need Is Love”, “Stand By Me”, “Help!”, “I Want To Hold Your Hand” e “Twist And Shout” foram alguns deles.
The Beatles é o grupo musical que mais vendeu na história da música. John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star alcançaram sucesso imediato no Reino Unido com seu primeiro single “Love Me Do”.  No ano seguinte, os Fab Four ganharam o mundo e, ainda hoje, quase cinco décadas depois de sua dissolução, The Beatles continua a ser muito popular.
Popularidade que pode ser comprovada durante o show de sua renomada banda cover, a Black Bird. Com 21 anos de carreira, tem em seu repertório músicas de todas as fases dos Beatles, incluindo sucessos da carreira solo de John, Paul, Ringo e George, e a fidelidade com a qual as apresentam agrada bastante ao público.

Black Bird canta “Come Together”.

Na ocasião, foi comemorado o aniversário de Paulo Vanzillotta, ex-Banca do Blues, produtor cultural do Nativoo.
Após o show, realizamos uma entrevista com Alex Feitosa e Cláudio Francioni, da Rocket Band, que será o conteúdo de nossa próxima postagem. A banda celebra o genial cantor e compositor britânico Elton John, fazendo um passeio por suas cinco décadas de sucesso. 
No sábado, dia 14 de dezembro, será a vez da Rocket Band apresentar o seu Elton John Tribute, no Centro da Música Carioca Artur da Távola, em duas sessões, às 17h e às 20h.
No dia 07 de dezembro, a Black Bird fará uma homenagem a John Lennon, no Bar Bukowski, às 23h30. No dia 15, estarão em Niterói fechando o último dia da Beatle Week, às 19h.


sábado, 23 de novembro de 2019

As Meninas do Blog Entrevistam: Thiago Sogayar Bechara

O jornalista e escritor Thiago Sogayar Bechara.
 Foto: Tato Fischer.

Thiago Sogayar Bechara nasceu em São Paulo. É jornalista, especialista em jornalismo cultural, Mestre em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Doutor em Estudos Portugueses e Românicos pela mesma instituição. 
Uma pessoa apaixonada pela palavra escrita, encenada, cantada. Começou desde muito cedo a escrever histórias e poemas. Publicou seu primeiro livro, “Impressões”, em 2002. O segundo veio dois anos depois, “Encenações”. 
É biógrafo, movido pela vontade de documentar personagens que foram importantes para a cultura do país. Em seu site, www.thiagobechara.com.br, os leitores podem conhecer um pouco mais sobre sua trajetória, ter acesso a livros e artigos de sua autoria, vídeos e fotos. Confira abaixo a entrevista que o escritor deu para as “Meninas do Blog”.

Blog For You: O que o Jornalismo Cultural e a Literatura significam em sua vida?
Thiago: O Jornalismo, bem como a Teoria Literária, para mim, são ferramentas. Fundamentais como referência e possíveis critérios a serem adotados, tanto como leitor quanto como escritor. As técnicas jornalísticas, por exemplo, ajudaram-me muito na escrita das tantas biografias que fiz. Já a Literatura, com maiúscula, propriamente dita, esta é como que a lente dos meus óculos. O moduspor meio do qual vejo o mundo. Mais especificamente a poesia. Não a poesia apenas como gênero literário, mas sim como forma de enxergar e encarar a realidade humana e a vida como um todo. Neste sentido, Literatura e Poesia, para mim, são uma coisa só. E é por meio delas, e do direito à fabulação que elas permitem, que eu posso respirar.

Blog For You: Qual é a sua opinião sobre o Jornalismo Cultural de hoje?
Thiago: Estou mal informado a esse respeito. Venho focando minha área de atuação na crítica literária e na escrita ficcional e poética propriamente ditas. Como investigador e eventualmente professor, tento usar o cânone do Jornalismo Cultural a meu favor, mas o que leio das expressões jornalísticas atuais não me permite emitir um parecer que seja minimamente responsável. O que posso arriscar a dizer, talvez, é: parece-me que cada vez menos a arte e a cultura importam para aqueles que têm o poder no Brasil. O real poder. De modo que quem destes depende para sobreviver empresarialmente (e isso inclui jornais, blogs, sites e revistas) fica numa saia justa. Mas generalizar qualquer outra coisa neste sentido seria leviano da minha parte.

Blog For You: Em que momento você despertou para as poesias?
Thiago: Não tenho a menor ideia. Sei que aos seis para sete anos eu já escrevia. Com uma angústia precoce e uma anímica necessidade de pôr algo para fora. Mas com tão pouca idade era impossível saber o quê, assim como era impossível ter recursos formais, técnicos e de maturidade para poder fazê-lo a contento. Infelizmente, até hoje sou aquela criança, buscando a melhor maneira de dizer alguma coisa que mal compreendo, mas que é tudo o que possuo.

Blog For You: Conte-nos um pouco sobre seus projetos, ideias, livros...
Thiago: Projetos são inúmeros. Se estão perguntando especificamente sobre os literários, tenho um livro novo de poesia no prelo a ser lançado em 2020, por uma editora espanhola e o prefácio de uma grande artista brasileira. Tenho ideias de consolidar minha carreira acadêmica como professor no Brasil, para onde estou voltando a morar depois de mais de 4 anos vivendo em Lisboa. Sobre livros novos e inéditos, tenho alguns em andamento, já há muitos anos que venho trabalhando neles. Posso adiantar que há contos novos, poesias, uma tese de doutorado que pretendo publicar, e talvez um romance. Mas tenho aprendido a ter mais calma e menos ansiedade. Demorarei mais para publicar novos trabalhos. Quem sabe assim evite alguns arrependimento futuros, risos.

Blog For You: Quais os seus estilos literários e escritores favoritos?
Thiago: Sou um homem do século XXI e me interessam muito as questões do "eu" e da "memória" neste mundo de tanta informação desinformada. Não pretendo especificar um estilo literário nem sequer um gênero. Amo a prosa, a poesia, o ensaio, a dramaturgia, a biografia etc. Tendo, entretanto, para obras que me apresentem questões humanas fortes, essenciais, profundas. Neste sentido o realismo, o naturalismo e o modernismo me interessam mais. Mas sou louco pelos gregos antigos, risos. Vamos aos meus escritores favoritos. Alguns deles: Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Luigi Pirandello, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Kafka, Homero, Tchékhov, Tolstói, Gontcharov, Alberto Moravia, Albert Camus.

Blog For You: Sua tese de mestrado versa sobre Fernando Pessoa. Por quê este autor?
Thiago: Porque ele é o único capaz de dizer fora de mim o que eu só sei dizer de mim para mim mesmo, sobre a tragédia e a maravilha que é ser humano e falar português.

Blog For You: O quê você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria ao Thiago de seu primeiro livro?
Thiago: Tenho procurado ser menos prolixo, mais claro e mais profundo nos assuntos que me interessam investigar. No fundo, literatura é isso. Investigação do homem e, portanto, espelho. Não sei se tenho conseguido, mas quero crer que amadureci um pouco nesses quase 18 anos de vida editorial. Para o Thiago do meu primeiro livro eu diria: Calma. Mas ele era teimoso, e faria tudo igual, risos.

Blog For You: Como você se mantém inspirado? Você aguarda um momento de inspiração para começar a escrever?
Thiago: Não me mantenho. Não aguardo nada. Um vulcão nunca aguarda entrar em erupção. Quando algo se move por debaixo, nas entranhas, o magma simplesmente explode. Talvez por isso o primeiro livro de Guimarães Rosa (só publicado postumamente) tenha se chamado - e se chame - Magma.

Blog For You: Qual o mais difícil: escrever a primeira ou a última frase?
Thiago: Não tenho a menor ideia, risos. Não se escreve compartimentadamente. Primeiro isso, depois aquilo. Escreve-se em jorro. Depois juntam-se os pedaços.

Blog For You: Que conselhos você daria para quem sonha em ser escritor?
Thiago: Leia muito. Escreva muito. Duvide muito de você. Fique atento para testar se suas dúvidas resistem à necessidade imperiosa da escrita. Não saia publicando, como eu fiz, risos.










quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Dia da Consciência Negra



Foi em um sábado de 1971 que um grupo de 12 negros se reuniu no Clube Náutico Marcílio Dias, em Porto Alegre. Era 20 de novembro, data que marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior dos quilombos do período colonial brasileiro. Em 1695, Zumbi foi assassinado em uma emboscada e teve sua cabeça exibida em praça pública, depois de liderar a resistência por quase 20 anos. No clube gaúcho, homens e mulheres falaram sobre a história de Zumbi e de outro rei de Palmares, Ganga Zumba, sobre como os negros foram trazidos da África para o Brasil e sobre a escravidão. Recitaram poemas de Castro Alves e Solano Trindade. Estava lançado o Dia da Consciência Negra.
No final de 1970, um pequeno grupo entregava panfletos, na Central do Brasil, contra a discriminação racial. Hoje, rodas de capoeira, grupos de dança e de música afro, passeios culturais, roupas e comidas típicas afro-brasileiras tomam conta de vários pontos da cidade, em uma grande celebração a essa cultura tão rica e tão importante na formação de nossa sociedade. 
Eventos como o que lotou a Sala Cecília Meireles, na noite de ontem. Como parte do Festival Xire Odara, foi apresentado o espetáculo Iyá Nitinha d’Oxum, que conta a história daquela que foi uma das mais importantes Iyalorixás do país, desde a sua chegada no estado do Rio de Janeiro à fundação do Axé Ya Nassô Oka Ilê Osun. O espetáculo contou com a participação da Orquestra de Atabaques Alabe Funfun, da Cia. de Dança Obirin Korin, da Cia. Musical Awuré Orin, do cantor Lúcio Sanfilippo e da atriz Ana Carbatti. No repertório, cantigas e rezas das religiões de matriz africana, nas línguas nagô, bantu e efon.
O Dia da Consciência Negra também foi celebrado com uma roda de capoeira e a tradicional lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio. A data é feriado nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Roraima, além de vários municípios brasileiros, como a cidade de São Paulo.




sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Entrevista com Natasha Jascalevich

Natasha Jascalevich, atriz e contorcionista.





Do alto de um Empire State iluminado ou sobre um globo reluzente, a sedutora Bárbara encanta Nelson Motta, enquanto o balé impecável de Natasha Jascalevich prende a atenção (e a respiração!) do público diante de tamanha beleza, criando alguns dos grandes momentos do espetáculo “O Frenético Dancin’ Days”. A peça a qual nós, as meninas do blogue, assistimos pelo menos oito vezes, enquanto esteve em cartaz no Teatro Bradesco (atualmente Village Mall), conta a história da lendária discoteca carioca criada por Nelsinho e um grupo de amigos, no ano de 1976, que, mesmo durando apenas quatro meses, revolucionou os costumes não só na então capital cultural do país, como de toda uma geração. 
Mas a intérprete de Bárbara começou sua trajetória cedo. Natasha é artista desde os 10 anos de idade e hoje, aos 26, espetáculos de teatro e teatro musical de grande sucesso fazem parte de seu currículo. Neste post, conheceremos um pouco mais sobre essa artista incrível.

5 perguntas para Natasha Jascalevich


Blog For You: Como foi o início da sua trajetória? O que te levou ao teatro e aos musicais?
Natasha: Iniciei minha trajetória no circo, num projeto social, quando eu tinha 10 anos de idade, na cidade de Armação dos Búzios. Como era a única coisa que tinha para fazer de cultural na cidade, eu acabei ficando no projeto dos 10 aos 17 anos e vim para o Rio de Janeiro fazer a Escola Nacional de Circo. No meio do processo de formação, eu me envolvi com o teatro “Nós do Morro”, que também é um outro projeto social, e acabei passando no teste de um musical chamado “O Grande Circo Místico”, do Chico Buarque e do Edu Lobo. Como a temática era circo, eu acabei entrando e aprendendo a cantar, a atuar, dentro desse primeiro musical. De lá para cá, fui emendando muitos musicais. Depois de “O Grande Circo Místico”, fiz ”Simonal”, “Gabriela Cravo e Canela“, do João Falcão, “Beth Carvalho, O Musical”, “O Frenético Dancin’ Days”, enfim, uma série de musicais, viajei para a França com peça...

Blog For You: Na sua carreira como atriz, qual foi o trabalho que te marcou mais profundamente?
Natasha: É difícil responder qual o trabalho que me marcou mais profundamente, mas acho que, a nível de dificuldade de personagem, foi interpretar a Maria Bethânia, no musical da ”Beth Carvalho”. Por ser uma pessoa que tem toda uma história e uma grande artista, acho que foi uma dificuldade. De marco mesmo na carreira acho que ”Gabriela Cravo e Canela”, do João Falcão, foi um dos espetáculos mais bonitos que eu fiz. Na TV, agora, eu acabei de gravar uma série chamada “Todas as Mulheres do Mundo”, na Rede Globo, que também foi bem importante, mas ainda não estreou.

Blog For You: Conte-nos sobre seu atual projeto. O que muda para você como atriz neste novo trabalho?
Natasha: Atualmente, estou em Recife, voltando de um festival, o “Festival de Circo do Brasil”, onde eu apresentei um working progress do meu projeto solo chamado “Prazer, Dona Flor”, que é a história da Dona Flor sem os dois maridos, é a história da Dona Flor por trás dos dois maridos. Neste meu projeto solo acho que vou conseguir mesclar todas as minhas técnicas, um pouco do canto, dança, acrobacia, atuação... Acho que esse é o diferencial desse projeto, que é uma grande mistura e acho que vai ser importante para a minha carreira para me firmar como essa atriz ou artista múltipla.

Blog For You: Quem você ainda gostaria de interpretar?
Natasha: Também é muito difícil definir qual seria um personagem que eu gostaria de interpretar. Acho que dentro dos musicais, a Velma Kelly, de “Chicago”, é uma super personagem, mas parece que para a montagem de 2020 já tem uma pessoa disponível, mas eu acho que dos musicais clássicos da Broadway, esse seria um personagem que eu gostaria de interpretar. No audiovisual, gostaria de interpretar qualquer história de uma mulher forte, guerreira e, seria legal assim, a história de uma mulher batalhadora.

Blog For You: Quais os seus planos para a carreira daqui para frente?
Natasha: Eu por enquanto acho que o foco é produzir esse meu espetáculo, que já está em processo de criação, já veio fazer Working Progress em Recife... Então, a ideia agora é focar um pouco nesse espetáculo, apesar de estar trabalhando ainda com ”Lazarus”, do Felipe Hirsch, que vai entrar em cartaz no Rio de Janeiro, em fevereiro, mas esse é meu foco principal, além dessa transição para o audiovisual, aos poucos, para ir abrindo um pouco os horizontes. Esse é o meu foco agora.

Fotos gentilmente cedidas pela atriz para ilustração da matéria.


sábado, 9 de novembro de 2019

Três perguntas para...

Fotos cedidas pelo administrador da página @officialslystallonefan,
nosso entrevistado neste post.


Um dos maiores destaques dos filmes de ação, Sylvester Stallone participou, ao longo de seus quase 50 anos de carreira, de cerca de 45 filmes, os quais permanecem na mente do público. Obras que vão além da mera pancadaria e deixam para seus fãs uma mensagem de incentivo para que não desistam de seus sonhos e nunca deixem que os duros golpes da vida transformem sua essência.  Fãs como o administrador do perfil @officialslystallonefan , que reúne em torno de 105 mil seguidores de várias partes do mundo, no Instagram. Entre as publicações estão fotos, vídeos, produtos e frases do ídolo. Ele nos contou um pouquinho sobre sua admiração pelo astro norte-americano.

Três Perguntas para @officialslystallonefan



Blog For You: O quê você mais admira no Sylvester Stallone?

@officialslystallonefan: O que eu mais admiro nele é a determinação. Stallone nunca desiste do que ele quer.


Blog For You: Qual o seu filme preferido e por quê?

@officialslystallonefan: Meu filme preferido é o “Rambo First Blood Part II”. Porque foi o primeiro filme que eu vi dele, devia ter uns 2 anos e eu adorava o arco e flecha, eu ficava admirado com todas as explosões...


Blog For You: Qual ensinamento seu filme preferido lhe trouxe?

@officialslystallonefan: Trouxeram-me muitos ensinamentos. Nunca desistir dos meus sonhos, seja qual for a dificuldade, devemos sempre seguir em frente. Seja qual for a situação em que estamos, que podemos até estar dormindo na rua, mas sempre tem uma forma de vencer. “Ninguém sabe do que é capaz” (Stallone).
•••
Keep punching! Never give up! Go for it! 😉👊

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

As Meninas do Blog entrevistam: Lee Mills

Foto: leemillsconductor.com

Conhecido internacionalmente como um maestro apaixonado, multifacetado e enérgico, o norte-americano Lee Mills deixou a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) em abril deste ano, após quatro anos e meio como maestro assistente e, mais tarde, residente. Foi durante o “Concerto em Choro”, que lotou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que Lee Mills se despediu do público brasileiro, em meio à grande emoção. Aplaudido de pé, ele agradeceu o carinho e revelou não ter conhecido um público mais caloroso, carinhoso.
“Carinhoso é exatamente o que eu sinto sempre quando penso sobre o povo carioca. Vocês são maravilhosos! Desde que eu cheguei aqui, vocês me fizeram sentir parte dessa grande cidade, na qual eu tive a honra de estar à frente desses músicos. Peço a vocês que sempre apoiem a OSB, que é um patrimônio do Brasil.”
Seus trabalhos de regência fora da OSB incluem a Sinfônica Nacional dos Estados Unidos, a Filarmônica de Los Angeles, a Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a Sinfônica de Saint Louis e a Sinfônica de Baltimore.

Foto: Cícero Rodrigues.

Blog For You: Como você se tornou Maestro? Era um sonho de infância?
Lee Mills: Comecei a estudar música com quatro anos de idade. Meus pais tinham um amigo que, em recompensa por um trabalho que fizeram, deu a eles um piano. Pedia muito a minha mãe que me colocasse na aula de piano. Nos primeiros dois anos, estudava dois, três meses e parava. Depois, comecei a estudar piano com mais regularidade. Aos sete anos de idade, comecei a cantar no coral da escola e, aos oito, a tocar trompete na banda sinfônica da escola. Aos doze, tocava na banda de jazz, a Big Band e, assim, passei todo o ensino médio. Quando fui para a faculdade, já sabia que faria música. Após fazer um semestre de regência, o que era obrigatório no curso, fiquei fascinado com as partituras, com o jeito como os compositores usavam os instrumentos da orquestra. No terceiro ano da faculdade, juntei meus amigos e alguns professores e fizemos uma orquestra. Foi muito legal! Na faculdade, me formei em música. Depois, passei para a pós graduação em regência, no Peabody Institute, em Baltimore, Maryland, cujo professor era, na época, Gustav Meier, provavelmente o mais reconhecido professor de regência dos Estados Unidos. Marin Alsop, maestrina da Orquestra Sinfônica de Baltimore, me viu no curso, em uma das vezes em que foi professora convidada, e me chamou para ser conductor fellow, uma espécie de aprendiz, na Baltimore Symphony, onde fiquei por um ano. Quando regia uma orquestra de uma universidade próxima à Baltimore, vi um anúncio sobre a vaga na OSB e mandei meu material. Isso foi em 2014.

Blog For You: Antes de vir para o Brasil, o quê você conhecia da nossa música?
Lee Mills: Essa é uma boa pergunta. No Conservatório, a gente aprende que o Brasil tem música clássica sim, mas só falamos de Villa-Lobos e de sua Bachiana nº 5. Não tinha ideia nenhuma de que o Brasil tinha essa tradição de música clássica tão forte. Aliás, eu diria que, até o século XX, a música  clássica, a música orquestral, era mais forte aqui que nos Estados Unidos, pois a maioria dos compositores norte-americanos dos quais falamos são do século XX. O Brasil tem compositores barrocos, compositores da época clássica, romântica, século XX, uma tradição muito forte de música clássica que eu nem sabia.

Blog For You: O Brasil te abraçou...
Lee Mills: É… Me abraçou mesmo. Eu me senti bem vindo. Quando cheguei aqui, todo mundo foi muito legal comigo. O povo aqui é muito carinhoso, caloroso. O público do concerto sempre gosta das peças. Podemos colocar a peça mais maluca do mundo, que às vezes nem receberia aplausos lá fora, que o público aqui recebe de braços abertos. Acho que é porque o público aqui agradece, aprecia música clássica, mesmo que a peça não seja necessariamente a seu gosto, seja a mais esquisita, mas a pessoa aprecia a força que foi para criar essa música, para toca-lá, compô-la. Acho que isso é uma coisa maravilhosa dos brasileiros, algo que você não vê em todos os países. Depois tem as críticas, mas na hora público é muito caloroso. Eu adoro isso no Brasil. Vou sentir falta dessa energia porque a interação do público aqui é muito forte.

Foto: leemillsconductor.com


Blog For You: Você está voltando para os Estados Unidos... pretende ficar muito tempo lá?
Lee Mills: Não sei ainda quanto tempo vou ficar por lá. (Mills assumiu o posto de maestro associado na Orquestra Sinfônica de Seattle, em setembro, e realizará uma grande variedade de concertos durante a temporada 2019-2020. Ele também atuará como maestro assistente para regentes titular e convidados durante a maior parte da temporada.)

Blog For You: Sabemos que você pegou uma fase muito difícil da OSB...
Lee Mills: Sim. Quando fiz minha inscrição, minha audição, o Brasil era um foguete para as estrelas, né? Foi em 2014. Eu cheguei em setembro, as coisas estavam indo bem ainda. Uns quatro meses depois, o país entrou em crise. Verba e incentivo diminuíram. Foi difícil ver a Orquestra passar por isso.

Blog For You: Percebemos que você gostou do Rio mesmo, né?
Lee Mills: Eu adoro o Rio de Janeiro! Estou fazendo essa mudança por dois motivos: primeiro, é muito emocionalmente desgastante trabalhar em uma crise assim, mesmo que as coisas já estejam começando a entrar nos eixos. A verba da OSB este ano é a metade do que era em 2014. Ficamos sem lugar adequado para os ensaios, por exemplo, o que influencia no aprimoramento de uma Orquestra que já tem um nível muito alto e poderia estar rendendo o dobro. Vou para a Sinfônica de Seattle por acreditar que será uma experiência boa para minha carreira e na área pessoal também, mas adoro o Rio de Janeiro e teria muita vontade de voltar, depois de crescer um pouquinho mais.

Foto: Cícero Rodrigues.

Blog For You: A tua entrega, no palco, é única...
Lee Mills: Obrigado! Eu acho que tem duas perspectivas nisso. Primeira é que, quando estou no pódio, na frente à Orquestra, independe da música, não tenho uma favorita. Eu estudei tanto sobre música, que me apaixonei pela música. Tem peças que são ruins sim, nunca vou gostar, mas gênero de música, para mim só tem dois, música boa e música ruim (risos). Por mim pode ser uma peça contemporânea, uma peça romântica, algumas chegam até a ser bregas, mas quando as estudo e entendo o que está na mente do compositor, eu fico apaixonado pela música. E o que superficialmente parece ser uma peça muito brega, pode ser muito profunda. Eu adoro o que estou fazendo e, quando estou no pódio na frente da orquestra, eu tenho a sensação de que é o único lugar no mundo em que eu queria estar. Não existe momento mais feliz do que quando estou na frente de uma orquestra. Eu fico muito feliz por estar no palco, mas mais feliz ainda quando estou criando a música com a orquestra. O segundo ponto é que tem músicos clássicos que pensam que a arte tem que ser algo muito sério. Não é que eu não leve a sério meu trabalho. Eu estudo muito em casa, com muita seriedade. Mas na hora que estamos no palco, na minha perspectiva sobre arte em geral, mas ainda mais sobre as artes de performance, quando estamos ao vivo com um público presente, seja em um ballet, música, teatro ou Ópera, pode ser triste, pode ser trágico, pode ser comédia, qualquer um dos gêneros, é entretenimento. Estamos diante de pessoas que estão lá para se emocionar junto com a gente. Acho que o público faz parte do concerto tanto quanto a orquestra. Quanto mais a vontade o público estiver, mais ele vai absorver da arte que estamos proporcionando. 

Blog For You: Percebíamos uma sintonia entre você e a OSB... Você voltaria?
Lee Mills: Sim, se daqui a dois, três anos a OSB estiver melhor e me chamar, com certeza eu vou voltar. Eu amo o Rio de Janeiro e estou mega triste porque terei que sair desta cidade. Felizmente, estou criando vários projetos, que eu estou desenhando ainda, e espero poder voltar ao Rio com frequência. Mesmo que não tenha projetos, vou voltar aqui nas férias porque eu adoro essa cidade. Foi a única cidade que eu morei na vida, que eu realmente sinto falta quando estou fora. Eu me apaixonei por essa cidade e todas as coisas que ela tem. Uma energia de vida muito crua que, sim, tem suas falhas, coisas que poderiam ser muito melhores, mas ao mesmo tempo, você  sai à rua e a energia da cidade é, tipo, palatável, é uma coisa, tipo, vibrando o tempo todo. É mega desorganizada, a cidade mais contraprodutiva do mundo, mas é uma energia tão gigante, que não tem como ficar de fora dessa.

Ana Cavalieri, Lee Mills e Maria Cristina Lagoas, após o concerto que marcou a última apresentação
de Lee Mills à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Foto: Cícero Rodrigues.




segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Coppélia - Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal


O Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, depois de três anos, trouxe de volta à cena um grande ballet, com todo seu repertório e atos. 
Coppélia estreou para o grande público em 28 de setembro com casa lotada. No palco, o trabalho dedicado do coreógrafo Enrique Martinez, do cenógrafo e figurinista José Varona, a direção e mise-en-scène de Dalal Achcar tomaram corpo através dos magníficos bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
O espetáculo, baseado em um conto fantástico de E.T.A. Hoffmann, tem como personagens principais o Doutor Coppelius, Swanilda - a jovem mais bonita da aldeia de Cracóvia - e seu noivo Franz.  Certo dia, ele fica encantado por uma menina que todas as tardes dedica-se à leitura na janela da casa do Doutor Coppelius e faz de tudo para chamar a sua atenção, mas não obtém reação. Swanilda os flagra e promete vingar-se. Com suas amigas, entra na casa do Doutor Coppelius. A sala está cheia de pessoas que não se movem. As moças descobrem que essas pessoas são, na verdade, bonecos mecânicos em tamanho real. Swanilda encontra também a menina leitora, Coppélia, atrás de uma cortina.
Assistimos a um ballet muito bem ensaiado, com solistas em ótima forma, em belíssimos figurinos e cenários caprichados, ao som da impecável Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, regida por Tobias Volkmann. O Maestro - Principal Regente Convidado da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF - juntou-se aos bailarinos para agradecer ao público, no final do espetáculo.


Por Ana Cavalieri e Maria Cristina Lagoas.
Fotos: Maria Cristina Lagoas para Blog For You.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O que a gente não tem coragem de jogar fora

O artista plástico Renato Bezerra de Mello, a curadora Bianca
Bernardo e as blogueiras Ana Cavalieri e Maria Cristina Lagoas.

Dias 16 e 17 deste mês, aconteceu o “CIGA 2019 -  Circuito Integrado de Galerias de Arte”, promovido pela ArteRio. O evento tem o objetivo de aproximar cada vez mais o público carioca e seus visitantes das artes visuais. Estivemos na Galeria Inox, visitando a exposição de Renato Bezerra de Mello, intitulada “O que a gente não tem coragem de jogar fora”, na qual o artista
“partiu de objetos e imagens guardados ao longo de sua trajetória, trazidos da infância, recebidos como herança ou mesmo produzidos durante seu processo de formação artística na França. Entre desenhos, esculturas,  bordados e gravuras, o artista reinventar a memória através do gesto que busca tanto estancar o tempo, quanto propor novas formas para o corpo. Por meio  de costuras que contornam para libertar a presença de sua ausência, o artista corajosamente se lança ao encontro do desejo de reparação, compreendendo que toda lembrança guarda em si uma cerimônia de adeus”,
como nos explica Bianca Bernardo, curadora da mostra.
As obras expostas tocaram de maneira profunda os visitantes, pois seu trabalho mostra nitidamente um retorno ao passado, tornando a lembrança presente em cada peça de maneira tão forte que fora materializada no painel que remete à caligrafia dos tempos de infância.


O painel composto por 37 cartões onde estão escritos a palavra
“lembrança” com diferentes caligrafias.



quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Sobre o Tempo


“O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.” 

(Henry Van Dyke)


Por Ana Cavalieri 
@anacavalieriofficial

Sobre o autor 

Henry Van Dyke nasceu em Germantown, no estado norte-americano da Pensilvânia, em 10 de novembro de 1852. Foi professor de Literatura Inglesa, na Universidade de Princeton, e professor conferencista na Universidade de Paris. Por indicação do presidente Wilson, tornou-se “ministro” para a Holanda e Luxemburgo. Presidiu o comitê que escreveu a primeira liturgia presbiteriana, “O Livro do Culto Comum”. Entre as suas obras mais populares estão as duas histórias de Natal “The Other Wise Man” (O Outro Homem Sábio) e “The First Christmas Tree” (A Primeira Árvore de Natal”. Van Dyke escreveu poesias, ensaios e hinos como o famoso “Joyful Joyful, we adore thee”, cantado ao som da “Ode à Alegria”, de Beethoven.
Os versos de Henry que compartilhamos com vocês, queridos leitores, hoje foram a inspiração para uma canção chamada “Time”, interpretada por Mark Masri.