Ana Cavalieri
@anagcavalieri
Cris Lagoas
@acrislagoas
Oitavo da série de filmes Rocky, escritos e estrelados pelo multitalentoso Sylvester Stallone, Creed II gira em torno da luta interna entre Adonis Johnson Creed (Michael B. Jordan), a vida e seu amor pelo boxe. Para ajudá-lo neste conflito, - que acaba se tornando maior que a própria luta com Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan Drago (Dolph Lundgren), que matou seu pai, Apollo Creed, no ringue -, entra em cena Rocky Balboa (Sylvester Stallone), assumindo um papel importante na vida do jovem lutador. Balboa o aconselha sobre relacionamentos, paternidade, como enfrentar as dificuldades da vida. Ensina que
“O mundo não é um mar de rosas; É um lugar sujo, um lugar cruel, que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre se você deixar. Você, eu, ninguém vai bater tão forte como a vida, mas não se trata de bater forte. Se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer. Agora se você sabe do teu valor, então vai atrás do que você merece, mas tem que estar preparado para apanhar. E nada de apontar dedos, dizer que você não consegue por causa dele ou dela, ou de quem quer que seja. Só covardes fazem isso e você não é covarde, você melhor que isso.” (Rocky Balboa, 2006)
Ou seja, treina o jovem não apenas para o ringue, mas para vida.
Enquanto estabelece uma relação paterna com o filho de seu grande amigo, nosso heroi vê crescer o abismo entre ele e seu herdeiro Robert Balboa (Milo Ventimiglia). A angústia pela ausência do filho e profunda tristeza pela perda de Adrian são visíveis no expressivo olhar de Rocky. Stallone dá vida a seu personagem pelo olhar mais que de qualquer outra forma. Sua atuação merece aplausos. Quem também merece destaque é o “mais humanizado” Ivan Drago. O personagem de Dolph mostra não ter superado suas perdas sociais, econômicas e afetivas, o que se reflete em sua clara tentativa de transformar seu filho no mesmo “robô sem sentimentos” que fora um dia. A vitória de Viktor sobre Adonis seria a redenção pessoal de Ivan Drago.
O ex-lutador só percebe a dimensão de seu amor pelo filho quando se vê na iminência de perdê-lo
e o ato de jogar a toalha ganha um sentido mais humano.
Florian Munteanu desempenha bem o papel do jovem “troglodita” que, mesmo sendo nutrido pelo ódio e frustração de seu pai, não se deixou “robotizar” e continuou seguindo na sua tentativa de ser um lutador.
Phylicia Rashad empresta a Mary Anne Creed total resiliência tanto em relação ao que aconteceu com o marido Apollo quanto o que poderia ter acontecido com seu filho Adonis. Mesmo tendo atuado em poucas cenas, a sua participação foi crucial para a história, ao contrário da Ludmilla Drago de Brigitte Nielsen, que poderia ter sido melhor explorada. Outra participação que merece elogios é a de Tessa Thompson, que deu a Bianca A leveza necessária a uma personagem tão profunda.
Creed II é mais que a luta entre Adonis e Viktor ou o acerto de contas entre Rocky e Ivan. É sobre pais e filhos, sobre tomar as rédeas de seu destino a partir da pergunta que Rocky faz Adonis: “pelo que você luta?”.
O filme, brilhantemente dirigido por Steven Caple Jr., é a passagem do cinturão de Rocky Balboa para seu pupilo Adonis Johnson Creed, Está um bem representado por um Michael B. Jordan mais maduro e seguro de si. “A festa é sua”, diz Rocky para Adonis. Chegou a hora de caminhar sozinho.
📸 Imagens: Divulgação.
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