Foi em um sábado de 1971 que um grupo de 12 negros se reuniu no Clube Náutico Marcílio Dias, em Porto Alegre. Era 20 de novembro, data que marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior dos quilombos do período colonial brasileiro. Em 1695, Zumbi foi assassinado em uma emboscada e teve sua cabeça exibida em praça pública, depois de liderar a resistência por quase 20 anos. No clube gaúcho, homens e mulheres falaram sobre a história de Zumbi e de outro rei de Palmares, Ganga Zumba, sobre como os negros foram trazidos da África para o Brasil e sobre a escravidão. Recitaram poemas de Castro Alves e Solano Trindade. Estava lançado o Dia da Consciência Negra.
No final de 1970, um pequeno grupo entregava panfletos, na Central do Brasil, contra a discriminação racial. Hoje, rodas de capoeira, grupos de dança e de música afro, passeios culturais, roupas e comidas típicas afro-brasileiras tomam conta de vários pontos da cidade, em uma grande celebração a essa cultura tão rica e tão importante na formação de nossa sociedade.
Eventos como o que lotou a Sala Cecília Meireles, na noite de ontem. Como parte do Festival Xire Odara, foi apresentado o espetáculo Iyá Nitinha d’Oxum, que conta a história daquela que foi uma das mais importantes Iyalorixás do país, desde a sua chegada no estado do Rio de Janeiro à fundação do Axé Ya Nassô Oka Ilê Osun. O espetáculo contou com a participação da Orquestra de Atabaques Alabe Funfun, da Cia. de Dança Obirin Korin, da Cia. Musical Awuré Orin, do cantor Lúcio Sanfilippo e da atriz Ana Carbatti. No repertório, cantigas e rezas das religiões de matriz africana, nas línguas nagô, bantu e efon.
O Dia da Consciência Negra também foi celebrado com uma roda de capoeira e a tradicional lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio. A data é feriado nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Roraima, além de vários municípios brasileiros, como a cidade de São Paulo.
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