terça-feira, 9 de outubro de 2018

Machado de Assis - Parte 1

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839. É considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos , senão o maior nome da literatura brasileira. Escreveu praticamente todos os gêneros literários. Foi poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Não apenas testemunhou, mas relatou e comentou os principais eventos político-sociais de sua época.
Em 12 de janeiro de 1855, publicou seu primeiro poema, “Ela”, na Marmota Fluminense.

“Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor.
Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em dose poesia
Ao meu terno coração!
Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.
Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um - sim -
Para alívio do coração!
Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
Faz-lhe gozar teu portento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!””
Machado de Assis foi colaborador da revista “O Espelho”, No ano de 1859, na qual fazia críticas teatrais. 
“... aqui há um completo deslocamento: a arte  divorciou-se do público. A entre a rampa e a plateia vácuo imenso de que nem um nem outra se apercebe. A plateia ainda dominada pela impressão de uma atmosfera, dissipada hoje no verdadeiro mundo da arte, — Não pode sentir claramente as condições vitais de uma nova esfera que parece encerrar o espírito moderno. Ora, à arte tocava a exploração dos novos mares que se lhe apresentam no horizonte, assim como o abrir gradual, mas urgente, dos olhos do público.  Uma iniciativa firme e fecunda e o elixir necessário a situação; um dedo que, grupando plateia e tablado, folheie a ambos a grande bíblia da arte moderna com toda as relações sociais, é do que precisamos na atualidade.” (ASSIS, Machado. Ideia sobre o Teatro. O Espelho, I, 25 de set. de 1859).
 No ano seguinte, a convite de Quintino Bocaiúva, tornou-se redator do Diário do Rio de Janeiro, sob os pseudônimos de Gil, Job e Platão.  Fazia a resenha dos debates do Senado e outros serviços, como crítica teatral, além de colaborar em  “A Semana Ilustrada” e  outros periódicos.
Em 1863, é publicado o “Theatro de Machado de Assis”,  composto por duas comédias: “O protocolo” e “O caminho da porta”.
“Crisálidas” , seu primeiro livro de versos, foi publicado no ano seguinte. Composto originalmente por 29 poemas,  teve 17 cortados pelo próprio autor quando, em 1901, editou suas “Poesias Completas”. Entre os poemas sobreviventes estão os “Versos a Corina”, dedicados a sua primeira musa, cuja identidade nunca fora revelada, mas que, segundo alguns estudiosos da obra machadiana,  não é necessariamente uma mulher real.
“Tu nasceste de um beijo e de um olhar. O beijo
Numa hora de amor, de ternura e desejo,
Uniu a terra e o céu. Olhar foi do Senhor,
Olhar de vida, olhar de graça, olhar de amor;
Depois, depois vestindo a forma peregrina,
Aos meus olhos mortais, surgiste-me, Corina!”
“Ressurreição”, seu primeiro romance, foi publicado em 1872. Sete anos depois, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi publicado na “Revista Brasileira”.  Considerada a obra que iniciou o realismo no Brasil, retrata a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo da época, contexto marcado por um tom cáustico, audacioso e uma temática inovadora, já que Brás Cubas é um “defunto-autor” que deseja escrever sua autobiografia. Daí, alguns autores o considerarem a “primeira narrativa fantástica do Brasil”.Em 1881, foi publicado em livro.
Em 1884, Machado de Assis passou a morar na Rua Cosme Velho, nº 18, onde residiria até a sua morte, aos 69 anos de idade, em setembro de 1908. Do nome da rua surgira o apelido “Bruxo do Cosme Velho”. Conta-se que, certa vez, Machado queimava suas cartas em um caldeirão, no sobrado da casa, quando alguém da vizinhança o viu e gritou: “Olha o Bruxo do Cosme Velho!”
O caldeirão de bronze existe mesmo e está em exposição na Academia Brasileira de Letras, porém estudiosos garantem que a história que se conta sobre a origem do apelido não passa de uma lenda urbana.
Sua extensa obra constitui-se de nove romances, duzentos contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos e mais de seiscentas crônicas.





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