A Academia Brasileira de Letras (ABL) nasceu no escritório da Revista Brasileira de José Veríssimo, à travessa do Ouvidor, nº 31, na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República.
Lúcio de Mendonça revelou ao amigo Machado de Assim e a Joaquim Nabuco a ideia de fundar a Academia e deram início a reuniões preparatórias a fim de elaborar seu Regimento Interno.
Em 20 de julho de 1897, foi realizada a sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras, nas instalações do Pedagogium, no centro do Rio.
Sem possuir sede própria, as reuniões da ABL eram realizadas nas dependências do Ginásio Nacional, da Biblioteca Fluminense, do escritório de Rodrigo Octávio - na rua da Quitanda -, do Gabinete Português de Leitura, do Silogeu Brasileiro, do Palácio Monroe... Foi um longo caminho até o Petit Trianon, sua atual sede, como nos mostra a exposição “As Casas da Casa”, que ocupa o andar térreo do prédio do Teatro R. Magalhães Jr.
Petit Trianon, sede da ABL desde 1923. |
Pedagogium |
Escritorio da Revista Brasileira de José Veríssimo. |
Mas... qual a função da ABL? Segundo o estatuto de 1897, a Academia tem por finalidade “a cultura da língua e da literatura nacional”. Desta forma, realiza conferências e uma série de publicações, preserva os acervos dos membros que a compuseram e edita o “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”.
Um exemplo dos encontros realizados por intelectuais e, o melhor, aberto ao público, é o ciclo de conferências intitulado “Cadeira 41” (uma referência ao número de membros efetivos e perpétuos, 40, que compõem a Instituição).
Na última quinta-feira, dia 16 de agosto, o acadêmico, ensaísta e poeta Antônio Carlos Secchin apresentou o tema “Drummond: poesia e aporia”, sob coordenação da acadêmica e escritora Ana Maria Machado. Na conferência, o poema “Áporo”, parte de um dos livros mais populares de Carlos Drummond de Andrade, “A rosa do povo”, de 1945, foi analisado minuciosamente e inserido no contexto geral da obra, além do contexto literário e social da década de 1940.
Deste poema, o conferencista também inferiu o significado do poeta e de seu fazer literário. “O poeta se funde e se confunde na poesia tal como o inseto se funde e se confunde na flor”, explicou Secchin.
Drummond era um sábio leitor dos dicionários e seus poemas trazem a ressignificação das palavras. Vemos no poema analisado, por exemplo, a revitalização do signo “áporo”. Contudo, poemas são passíveis de diversas e distintas interpretações, o que está intimamente ligado à experiência de vida do leitor. Os versos de “Áporo” insurgem contra o previsível. Falando nisso, uma das características marcantes da poesia é fazer com que coisas normais sejam vistas como extraordinárias. Sim, a poesia faz isso. Ofício importante é o do poeta, muito bem descrito por Ana Cavalieri: “ O poeta quebra o silêncio da folha em branco quando ele escreve a primeira letra, a primeira palavra, o poeta dá vida às linhas em branco.”
Estão programadas mais duas conferências do ciclo “Cadeira 41”:
- 23/08 - Cem anos de Urupês, de Monteiro Lobato: o primeiro best-seller nacional, com o conferencista Luís Camargo e;
- 30/08 - Osman Lins, 40 anos depois, mais atual, com o conferencista Hugo de Almeida.
Ambas acontecerão, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., na sede da Academia Brasileira de Letras, localizada na Av. Presidente Wilson, 203, Castelo. Para maiores informações, acesse o site da ABL.
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