segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Cora Coralina

Cora nasceu Anna, na Cidade de Goiás, Estado de Goiás, em 20 de agosto de 1889. Teve seu primeiro livro publicado aos 75 anos de idade. “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais” retrata o cotidiano do local do título e reúne poemas que transformaram Cora em uma das maiores poetisas de nossa Literatura.
“Sim, foi naquele meio, afastada de tudo o que me prendia, sozinha, longe da vida de meus filhos (porque uma mãe quando mora com os filhos vive a vida de todo o mundo, menos a dela). Quando eu senti uma necessidade imprecisa, obscura de me pôr de longe, eu tinha qualquer coisa que me forçava a isso. Em Goiás, vamos dizer assim, abriram-se as portas do pensamento e escrevi o primeiro livro publicado.” (Cora Coralina, In: ARAÚJO, 1977).
Apesar da pouca escolaridade, aos 14 anos, começou a publicar contos e poemas em periódicos da cidade. Foi quando Anna se tornou Cora, devido à repressão familiar. “No passado, uma moça que gostasse de ler e escrever era tida como uma moça romântica. Se uma moça se desse à literatura e esquecesse as obrigações da casa estaria arrasada. A moça tinha que ser prestimosa, uma palavra que ainda hoje soa nos meus ouvidos.” (Cora Coralina, In: ARAÚJO, 1977).
Quando conheceu Cantídio, fugiram para o interior paulista e, nos anos em que viveu junto à ele, Cora continuou escrevendo, contribuindo, inclusive, com artigos para jornais da região.
Com a morte do marido, mudou-se com os filhos para a capital paulista, onde trabalhou como vendedora de livros. Na década de 1940, voltou para Goiás e, “por força da necessidade”, se tornou doceira, profissão que a sustentou até o fim da vida.
A obra de Cora Coralina está intrinsecamente ligada à sua história de vida. Sua prosa e poesia estão povoadas por cenas de sua infância e pessoas com as quais conviveu e aprendeu.
Poesia metrificada, simbolista, parnasiana... não. Modernista... talvez. O estilo de Cora prioriza a mensagem, não a forma. Sua preocupação está em compreender o mundo e seu papel nele, para isto busca respostas no cotidiano e dentro de si. “Para mim, a poesia é uma necessidade interior de expressão, de recriação “, disse certa vez.
Quando teve seu primeiro livro publicado, Cora enviou alguns exemplares para diversos escritores, dentre eles estava Carlos Drummond de Andrade, por intermédio de quem sua poesia ganhou o país.
A casa na qual Aninha, como se autodenominava, viveu seus últimos anos foi transformada no Museu Cora Coralina, onde se preserva a memória da poetisa, através da divulgação de sua vida e obra. O museu fica na Rua Dom Cândido, 20, no centro da Cidade de Goiás. Funciona de terça-feira a domingo, a partir das 9h.


Cora Coralina. Foto: Google Images


NÃO SEI

Não sei se a vida é curta ou longa para nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe,
braço que envolve, palavra que conforta,
silencio que respeita, alegria que contagia,
lágrima que corre, olhar que acaricia,
desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais, mas que seja intensa,
verdadeira, pura enquanto durar.
Feliz aquele que transfere o que sabe
e aprende o que ensina”.

(Cora Coralina)


Fontes: 
  • ARAUJO, Celso. Os Pensamentos de Cora. Jornal de Brasilia, Brasilia, 1977.
  • CORA Coralina. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2609/cora-coralina>. Acesso em: 20 de Ago. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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