sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Massas, de Arthur Arnold

No último dia 24 de setembro foi a abertura da exposição “Massas”, de Arthur Arnold, na Galeria Movimento.
Após quatro anos, Arthur Arnold volta ao Rio de Janeiro com três obras na ArtRio 2018.
Uma de suas obras de arte, ele explora as multidões do carnaval “massa humana “, uma outra, através da sua pintura, ele celebra a sua paixão pelo Flamengo “massa humana “. E numa outra tela, ele explora a diluição da individualidade de cada uma de nós em meio às multidões que nos cercam.
Em todas as suas obras mais recentes, são muito complexas e instigantes. Todo o seu estudo, ao longos tempo, vem decifrando as razões mais profundas dessas manifestações da humanidade.
É através da massa que todos se reúnem de forma igual. E é possível ao homem libertar-se do temor do contato com o outro. Sendo assim, Arthur Arnold, ao estudar e pesquisar a abstração e o inconsciente coletivo, se voltou com o tema “massas humanas”.
Suas telas são grandiosas, mostram aglomerações inspiraras em torcida de futebol, cultos religiosos, protestos, shows de música e festas populares que retratam a incorporação do indivíduo pelas massas. Mantendo a parceria entre a curadoria de Isabel Sanson Portella, com o artista, antes suas obras apareciam de forma linear e agora passam por uma dissolução de suas identidades para se tornarem um bloco único.
Arthur Arnold transforma indivíduos em tinta. E através das figuras dissolvidas, podemos ver em suas obras mais recentes, rostos, braços levantados, corpos colados sugerindo movimentos e aclamações. Mas, pouco a pouco, as figuras se diluem em suas obras, predominando portanto a massa. A cor é um elemento forte e até mesmo quando a cor branca é utilizada mostra todo o seu vigor e o seu propósito. Uma mudança vai se incorporando às formas, num processo vivo e ativo em que as cores tem voz mais alta.
Suas obras têm expressões fortemente artísticas através da massa humana. A arte contemporânea muito se interessa por essas questões reflexivas e abraça fortemente as suas respostas.
“Massas” estará em cartaz de 24 de setembro até 13 de outubro, na Galeria Movimento, localizado no Shopping Cassino Atlântico, na Avenida Atlântica, 4240 / loja 212, Copacabana.






quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Você é Surpreendentemente Especial

Tentamos descobrir ao certo como e quando tudo começou.
Tudo começou quando o mundo começou.
Sempre esteve escrito, nossa união, nosso amor por toda a eternidade.
Nossos corações são os guardiões da chama do amor.
Em algum momento em nossas vidas, um chip foi acionado dentro dos nossos corações.
Eu com a sua identificação.
E você com a minha identificação.
Sim, o Universo nos presenteou com o nosso amor.
Não importa o tempo do nosso reencontro.
O que realmente importa,
É que nunca houve interrupções para o nosso amor.
O nosso amor está escrito por toda a eternidade.
Você é a música na minha vida .
Eu sou as notas musicais que compõem os seus dias.
O nosso amor é a composição mais pura e quente que aquece as nossas noites.
Eu sou o despertar em todas as manhãs.
E você é quem embala o meu sono todas as noites.
Você é a mais pura beleza no meu ser.
Você é a joia rara de toda uma existência.
Você me surpreende a cada manhã com o seu perfume de amor.
Você me surpreende a cada noite com o calor do seu corpo.
Você me surpreende pela forma inebriante de me amar com a intensidade do amor.
Você me surpreende com o romantismo da sua pele desejando a minha.
Você me surpreende com a forma de se chegar dentro da minha alma.
Você me surpreende a cada instante com o calor da sua alma possuindo a minha,
No fogo ardente no calor da paixão.
Você me surpreende com o seu jeito todo especial de ser.
Você me surpreende com o teu silêncio que grita o meu nome dentro do pulsar do seu coração.
Você me surpreende com o seu coração único e apaixonante.
Você me surpreende pela forma especial de ser.
Você é simplesmente apaixonante.
E eu quero estar ao seu lado por toda a minha vida e por toda a eternidade.
Eu te amo louca e apaixonadamente.
Meu coração pulsa por você,
Meu corpo pulsa por te querer,
Minha voz pulsa pelo seu nome,
BT
BT
BT
BT
BT

Ana Cavalieri


quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Literatura e teledramaturgia: diferenças e confluências

Quinta-feira é dia de ciclo de conferências, na Academia Brasileira de Letras. O tema deste mês de setembro é “Cinema e Literatura” e, dia 20, foi a vez da escritora e dramaturga Maria Adelaide Amaral ocupar a bancada montada no palco do Teatro  R. Magalhães Jr. para, sob a coordenação do Acadêmico e poeta Geraldo Carneiro, apresentar sua palestra intitulada “Literatura e teledramaturgia: diferenças e confluências”.
Nascida em Alfena, Portugal, Maria Adelaide chegou ao Brasil aos doze anos. Hoje, é uma das mais premiadas autoras de novelas, minisséries e peças de teatro do país. Estreou na televisão no final dos anos de 1970 a convite do autor Lauro César Muniz para colaborar em “Os Gigantes”, telenovela exibida pela Rede Globo na faixa das 20h. Contudo, foi com “Meu Bem, Meu Mal”, a qual escreveu em parceria com Cássio Gabus Mendes, em 1990, que Maria Adelaide passou a dedicar sua carreira como novelista. Sete anos depois, escreveu, como autora principal, o remake de “Anjo Mau”. A autora também obteve bastante sucesso com suas minisséries, dentre elas, “A Muralha”, “Os Maias”, “A Casa das Sete Mulheres” e “JK”.
Simpática, Maria Adelaide encantou a plateia com seu bom humor e conhecimento histórico. Todos a ouviam atentos contar sobre os desafios de se adaptar uma obra literária para a televisão e as formas de se contorná-los, além de curiosidades e casos engraçados de bastidores.
Sobre a arte da adaptação, a dramaturga explicou seu processo de trabalho, deixando claro que o fato de ser uma leitora voraz foi e continua sendo extremamente importante para a boa realização deste ofício:
“Quando eu trabalho em qualquer tema, qualquer que seja, eu tenho que estar profundamente calçada, tenho que me enriquecer, nutrir de conhecimento, para saber onde eu piso e para saber ficcionar, porque você só ficciona direito, só ficciona com base e consequência quando você conhece profundamente a matéria.”
Maria Adelaide também lembrou a importância do papel social exercido pela televisão. O sucesso estrondoso e, segundo ela, inesperado de “A Muralha “ fez com que percebesse a função educativa deste poderoso veículo de massa e a consequente responsabilidade de seus autores, seja em novelas ou minisséries:
“Percebi  o quanto o povo brasileiro é carente e ávido de informação a respeito da sua própria história.”
Ao final da conferência foram exibidas as primeiras cenas de “A Muralha” e “Queridos Amigos”, esta, uma minissérie baseada em seu romance “Aos Meus Amigos”.
“Cinema e Literatura” terá mais uma palestra, amanhã, dia 27, às 17h30min. Esta será a vez do Acadêmico eleito e cineasta Cacá Diegues apresentar seu tema: “Letras e Imagens: a literatura no cinema”. 


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Dia Nacional do Rádio

Hoje, 25 de setembro, é comemorado o Dia Nacional do Rádio. A data lembra o nascimento de Edgard Roquette-Pinto, considerado o “Pai do Rádio Brasileiro”, pois foi o fundador da primeira emissora radiofônica do país: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC.
Era o ano de 1922. O Brasil comemorava cem anos de sua independência e, como parte da celebração, foi instalada, no pico do Morro do Corcovado, onde hoje está localizado o Cristo Redentor, uma antena de rádio.
A primeira transmissão radiofônica do país foi um discurso do presidente Epitácio Pessoa. Apenas 80 receptores espalhados na capital e nas cidades fluminenses de Niterói e Petrópolis, e em São Paulo acompanharam a transmissão experimental, que teve ainda música clássica, dentre as quais, a ópera “O Guarani”, do compositor Carlos Gomes.
Já o primeiro programa de rádio foi criado um ano depois por Roquette-Pinto. O “Jornal da Manhã” era transmitido da própria casa de seu criador, o qual lia e comentava de improviso as notícias dos jornais.
Outras duas importantes emissoras foram fundadas ainda na década de 1920: a Rádio Clube do Brasil (1924), que deu lugar a Rádio Mundial, e a Rádio Mayrink Veiga (1926), fechada em 1965 pela ditadura militar.
Criada em 1936, a Rádio Nacional revolucionou as transmissões radiofônicas e tinha como foco programas de entretenimento para o grande público. Foi a primeira a transmitir uma Copa do Mundo de Futebol, em 1938. Inaugurou o radioteatro com “As aventuras de Sherlock Holmes”, a radionovela - “Em Busca da Felicidade”, e os programas de auditório, lançando cantores como Orlando Silva, Ari Barroso, Francisco Alves, Cauby Peixoto, Angela Maria, Emilinha Borba e tantos outros que se tornaram ídolos nacionais. Foi pioneira também na transmissão dos programas de radiojornalismo com o “Repórter Esso” (1941).
O rádio foi de suma importância para a sociedade brasileira. Primeiro veículo de comunicação de massas, levou entretenimento, música e informação para muito além dos grandes centros urbanos, alcançando a população de territórios mais isolados. Por ter sido muito aproveitado politicamente pelo Estado, partidos políticos e movimentos sociais, esteve no centro das transformações que definiram nossa história moderna.
Hoje, segundo o Governo Federal, o Brasil possui mais de 10 mil emissoras de rádio, contando AM e FM comerciais e educativas, além das comunitárias. Interessante ver que, numa época em que novas tecnologias se tornam rapidamente obsoletas, em que, como diz o ditado, uma imagem vale mais que mil palavras, o rádio permanece vivo, ativo em seu importante papel de informar e entreter, fato que não se deve apenas por ter se inserido em plataformas digitais como os aplicativos de celular e players em páginas da web, afinal, suas ondas ainda levam som mesmo a lugares remotos deste país continental.
Parabéns aos profissionais de rádio e seus ouvintes!


Imagens: Pinterest 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Semana de Arte Moderna de 1922

Há 96 anos, entre os dias 11 e 18 de fevereiro, São Paulo recebeu em seu Theatro Municipal a “Semana de Arte Moderna”, também chamada de “Semana de 22”, que consolidou o movimento modernista no Brasil, rompendo com seus antecessores, e se tornou referência cultural do século XX.
O principal objetivo da “Semana de 22” era libertar-se do “passadismo academicista e conservador” que controlava as artes e a literatura brasileiras, a partir da fusão de influências estrangeiras com elementos da cultura de nosso país a fim de criar uma arte essencialmente nacional.
Concebida por Di Cavalcanti e Menotti Del Picchia, a “Semana de Arte Moderna” contou com instalações de arquitetura, esculturas, exposições de telas, uma programação específica de palestras, recitais e apresentações musicais.
Boa parte da mídia reagiu de forma conservadora. Nas publicações da época pôde-se ler expressões como “subversores da arte”, “espíritos cretinos e débeis”, “futuristas endiabrados” referindo-se aos vanguardistas. O público também não deixou barato. O poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, que critica abertamente o jeito parnasiano de fazer poema, foi lido por Ronald de Carvalho em meio a vaias e gritos da plateia.



O rigor gramatical e o preciosismo lingüístico tão valorizados pelos poetas parnasianos foram rechaçados pelos modernistas, que valorizavam a incorporação de gírias ao texto, sintaxe irregular, uma aproximação da linguagem oral dos variados segmentos da sociedade brasileira.
Nem mesmo Heitor Villa-Lobos escapou da fúria da plateia. Ao entrar no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo, o músico foi vaiado pelo público que considerou a atitude desrespeitosa. Depois, o maestro explicou que o motivo de ter entrado desta forma havia sido um calo no pé.
Reações extremas dos visitantes e críticas vorazes dos especialistas à parte,  o fato é que, ao romper com o tradicionalismo vigente, o Modernismo abriu as portas para a experimentação, transformando o cenário cultural. Obras foram utilizadas para expressar de forma não-romântica a situação política, social e econômica do Brasil, um protesto que modificou o jeito como a arte brasileira era vista e produzida. Aí reside a relevância desse movimento que, como aconteceu com tantas outras manifestações, não foi percebida à época, mas tempos depois.

Divulgações dos diversos eventos da
 “Semana de 22”. Imagem: Blog Historiando.

Nossa multiplicidade étnico-cultural é um tesouro que esses intelectuais julgavam importante valorizar. Como pregava Oswald de Andrade em seu “Manifesto Antropofágico”, deveríamos “digerir” a cultura dos outros, ou seja, não negá-la, mas também não imitá-la. E isso é o que fazemos quando lançamos mão de nosso jeitinho, tornando-nos mestres em originalidade.
Os destaques do Modernismo brasileiro nas artes plásticas podem ser vistos na exposição “Modernos 10”, que acontece no Instituto Casa Roberto Marinho. Mostra inaugural da Casa, reúne dez expoentes da arte moderna brasileira dos anos de 1930 e 1940: Tarsila, Segall, Portinari, Pancetti, Nery, Guignard, Djanira, Di Cavalcanti, Dacosta e Burle Marx. Falaremos sobre a exposição e cada um deles em postagens futuras. Fiquem ligados! A exposição vai até o dia 30 de outubro e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 12h às 18h, sendo que a entrada é permitida até às 17h15min. O Instituto Casa Roberto Marinho fica localizado na Rua Cosme Velho, 1105. Para maiores informações acesse o site www.casarobertomarinho.org.br

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Orquestra de Solistas do Rio de Janeiro no Espaço Guiomar Novaes

A Orquestra de Solistas do Rio de Janeiro (OSRJ) se apresentou no último dia 11, no Espaço Guiomar Novaes, anexo à Sala Cecília Meireles.
No programa, “Fratres” para violino e piano, obra do compositor estoniano Arvo Pärt; Quatro Peças para Viola e Piano, do compositor brasileiro Henrique de Curitiba; a estreia mundial da  Chorata para Bandolim e Quinteto de Cordas, do compositor e maestro da OSRJ Rafael Barros Castro; além do Concertino para Bandolim e Quinteto de Cordas, do compositor e professor da UFRJ Roberto Macedo, dedicado ao primeiro Bacharel em Bandolim formado pela instituição, Kleber Vogel. Bravíssimo!
No próximo dia 09 de outubro, a OSRJ se apresentará, às 19h, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com entrada franca. Não percam!








quinta-feira, 20 de setembro de 2018

O Essencial na Melodia

A melodia da sua boca
Me diz o que é essencial para nossas vidas.
A melodia da felicidade
Vem através da sua boca,
Que sussurra o meu nome,
Chamando o amor para morar no seu coração.
E o seu coração apaixonado
Chama o meu coração apaixonado
Para termos juntos o modo de viver 
A vida através do encanto 
Vem da melodia de sentir 
O que realmente é viver 
E o amor é inexplicável.
O amor se confunde 
Na existência de dois seres.
E o essencial é o especial.
E o invisível está na alma,
Da existência do sentir.
E a alma do sentir é inconfundível,
Na sua total abrangência.
E o sentir da alma do amor
É acolhedor e protetor,
Que rege a ciência do subjetivo 
Num processo natural no desenvolvimento crescente,
No que transcende a pele,
É o que nós perguntamos para nós mesmos,
Querendo mensurar o “Amor”,
Que é totalmente imensurável.
É todo um sentimento,
Que pode ser dito,
Através da palavra escrita,
Num simples pedacinho de papel.
O essencial do amor está na entrega,
O essencial do amor está simplesmente 
No acordar para si mesmo,
O essencial do amor nesse despertar 
É ter a absoluta certeza 
Que os dois corações apaixonados 
Fazem parte de uma “regência única”,
A regência de abraçar o amor de forma única, pura e verdadeira.

Ana Cavalieri 
Imagem: Pinterest 

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Dia Mundial do Teatro

Hoje é o Dia Mundial do Teatro.
A palavra teatro vem do grego theaomai e é o mesmo que contemplar.
O teatro vem desde 80.000 anos a.C. É uma arte antiga. Desde os primórdios, o homem já sentia a necessidade de representar. Foi na Grécia Antiga que surgiu o teatro. É no palco que os atores representam os mais diferentes personagens e montam espetáculos de gêneros variados como comédia, tragédia, musical e drama.
No teatro as várias expressões e emoções são representadas ao vivo, não tendo a possibilidade de refazer as cenas, tais como na TV ou cinema. Daí as famosas improvisações feitas pelos atores no palco, caso tenham esquecido alguma fala.
No Brasil, o teatro nasceu no século XVI e seu objetivo era espalhar a crença religiosa. Mas o teatro só começou a ser comum no Brasil como entretenimento após 1808, com a chegada da Família Real Portuguesa. Em meados do século XIX, começaram os grupos teatrais nacionais, com gênero cômico.Com a ditadura militar, a manifestação artística sofreu um período de retrocesso. O fim ditadura militar significou mudança relevante da atuação no teatro.
Então, parabéns a todos os atores, diretores e responsáveis pela sonoplastia, iluminação e figurino. Todas as funções são fundamentais para o sucesso de um bom espetáculo.
“Artista de teatro é aquele que cria, que dirige, que escreve o roteiro, que monta a iluminação, que pensa na trilha sonora, enfim, são todos os seres iluminados que fazem o espetáculo acontecer”.



terça-feira, 18 de setembro de 2018

Romance-em-cena: questão de gênero

Na última quinta-feira, dia 13 de setembro, foi a vez de Aderbal Freire Filho dar continuidade ao ciclo de conferências sobre “Cinema e Literatura”, da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Sob a coordenação do Acadêmico e poeta Geraldo Carneiro, o autor, diretor e ator de teatro apresentou sua palestra intitulada “Romance-em-cena: questão de gênero”.
Fundador do Grêmio Dramático Brasileiro (1973) e do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (1989), “distingue-se entre os diretores brasileiros por aliar a busca constante por novas formas de teatralismo a uma encenação que prioriza o ator como agente principal da linguagem e da comunicação das ideias do texto”, o que ficou claro durante sua conferência, ao contar sua vivência no mundo teatral.
Aderbal Freire Filho explicou que “Romance-em-cena” é a expressão com a qual se denominou a trilogia de romances que levou ao palco. A partir da definição encontrada em “La Novela Luminosa”, de Mario Levrero - “... um romance, atualmente, é quase qualquer coisa que se coloque entre a capa e a contracapa” -, o conferencista concluiu que, se um romance é, em sua origem, o que fora afirmado por Levrero, “depois de publicado, pode ser também uma peça de teatro, um filme, uma série de televisão, uma telenovela…“. Lembrou a importância da existência do cinema, especialmente o falado, para a adaptação de romances para o teatro. Como bem disse Noel Rosa, “o cinema falado é o grande culpado da transformação”.
O cinema foi o primeiro a adaptar romances para fazer seus filmes, só depois o teatro aderiu à prática.
O cinema tem o teatro em sua essência. “São linguagens diferentes, poéticas diferentes, meios de criação diferentes, alcances diferentes, mas o mesmo princípio: pessoas que fingem ser outras, diante de pessoas que fingem acreditar”, explicou Aderbal, citando Jorge Luis Borges.
A invenção do cinema falado foi importante para a reinvenção do teatro. Este, limitado no tempo e no espaço, ao ter de enfrentar o poder do cinema, teve de redescobrir o poder da imaginação. Esta volta a ser o recurso, por excelência, da criação teatral. “A arte de encenar passa a ser a arte de provocar a imaginação do espectador e não mais a arte de mostrar e imitar o real.”
Aderbal terminou sua palestra lendo um trecho extraído do programa de mão da peça “O Púcaro Búlgaro”, que explica a teoria e prática do “Romance-em-cena”: “... é o jogo da ilusão, no teatro, levado ao paroxismo. Verdade e mentira escancarados simultaneamente, o eu e o outro declarados, o discurso em terceira pessoa e a ação em primeira pessoa. É, ainda, a comunhão carnal mais acabada do épico e do dramático, o tempo inteiro narrativo e o tempo inteiro dramático. Uma versão radical do sonho de alguns teóricos do século XX de convidar para a mesma mesa Aristóteles e Brecht”.
“Cinema e Literatura” terá mais duas palestras:
  • Dia 27 de setembro -  “Literatura e Teledramaturgia: diferenças e confluências” (Maria Adelaide Amaral) e 
  • Dia 30 de setembro - “Letras e imagens: a literatura no cinema” (Cacá Diegues).

As conferências começam às 17h30min. A ABL fica na Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo. A entrada é franca.


Referências:

ADERBAL Freire-Filho. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18028/aderbal-freire-filho>. Acesso em: 16 de Set. 2018. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O Candidato Honesto 2

O Candidato Honesto 2

(Brasil, 2018)

Gênero: Comédia 
Direção: Roberto Santucci
Roteiro: Paulo Cursino
Duração: 104 minutos 
Elenco: Leandro Hassum, Rosanne Mulholland, Victor Leal, Flávia Garrafa, Cássio Pandolfh, Mila Ribeiro, Anderson Muller, Paulinho Serra, Maria Padilha.
Sinopse: Após cumprir 4 dos 400 anos de prisão, João Ernesto (Leandro Hassum) é “intimado” a se candidatar à presidência novamente, por seu futuro vice, o misterioso Ivan Pires (Cássio Pandolfh).

Imagem: Google Images.


Como o próprio título sugere, “O Candidato Honesto 2” é a sequência da história de João Ernesto, um político corrupto que, por praga de sua avó, tornou-se incapaz de mentir, o que lhe custou a candidatura e o levou ao xilindró. O político é solto após quatro anos e logo retorna à corrida presidencial, manipulado pelo seu sinistro vice Ivan Pires, brilhantemente vivido por Cássio Pandolfh. João, entretanto, vê na situação uma oportunidade de se retratar por seus graves erros do passado e se reaproximar de seu filho mais velho e de Amanda, sua “Crush“ do primeiro filme, agora interpretada por Rosanne Mulholland. João tem a “merecida” segunda chance, resgatando a confiança de seu filho e de sua amada.
O filme se apresenta, por vezes, controverso. Nos primeiros minutos, por exemplo, João e seu filho assistem atônitos à queima de uma bandeira do movimento LGBT, por seu concorrente Pedro Rebento (Anderson Müller), e questionam o porquê de alguém fomentar a cultura do ódio e da intolerância. Minutos depois, João solta frases homofóbicas dirigidas ao personagem de Paulinho Serra. O “humor” politicamente incorreto segue com a zombaria a Isabel, cujas gengivas a excluem do ditatorial padrão de beleza feminino. Não sei se a intenção de Paulo Cursino e Roberto Santucci foi a de utilizar o humor como forma de se fazer crítica, chamar o espectador à reflexão. Esse foi o efeito causado em mim, ratificado pela cena em que João diz que Leandro Hassum era mais engraçado quando gordo: “emagreceu, perdeu a graça “. Esta fala faz parte da cena em que o já Presidente João Ernesto conhece sua sala de cinema. Aí, Santucci faz uso do recurso de metalinguagem, assim como em “Os Farofeiros”, para criticar a postura do público diante das produções cinematográficas nacionais: o presidente dorme enquanto a estagiária conta a sinopse de um filme que foge ao padrão das comédias brasileiras comerciais e dos filmes de ação cujos efeitos especiais substituem o enredo.
O grande mérito de “O Candidato Honesto” e de sua sequência é o humor pela identificação, ou seja, a referência a pessoas e eventos. Nesta, temos um protagonista que reúne personagens e situações emblemáticas do cenário político brasileiro atual: Lula durante depoimento a um juiz federal e Dilma enfrentando problemas que culminam no impeachment, por exemplo. Outros personagens também são construídos seguindo esta fórmula. Ivan Pires, o vampiresco vice de João Ernesto, é cosplay do Michel Temer dos memes que tomam conta das redes sociais e Pedro Rebento, de Jair Bolsonaro. Mila Ribeiro encarna a Presidenta que, ora, desempenha o papel que Lula foi para Dilma. Aliás, cabe dizer que Mila e Cássio roubam a cena. Ela, uma das melhores imitações de nossa ex-presidente. Ele empresta ao personagem uma seriedade com tons de suspense que resulta em cenas hilárias.
E por falar em cenas hilariantes, aquelas exibidas junto com os créditos finais são as melhores e, por si só, valem o ingresso.
“O Candidato Honesto 2” estreou em 30 de agosto e segue em cartaz, em salas de cinema de todo o país.



sexta-feira, 14 de setembro de 2018

André Rieu 2018 - Amore, My Tribute to Love

André Rieu 2018 - Amore

(Holanda, 2018)

Gênero: Musical 
Duração: 145 minutos 
Sinopse: Concerto de André Rieu e sua famosa Johann Strauss Orchestra, em sua bela cidade natal, Maastricht, na Holanda.


Maastricht. Verão de 2018. Milhares de fãs vindos de várias partes do mundo lotam Het Vrijthof, a praça mais agradável da cidade. Todos viverão uma das noites mais incríveis de suas vidas, na companhia do Maestro André Rieu, sua Orquestra Johann Strauss e seus convidados especiais - The Platin Tenors, as sopranos chinesas Jing Li e Shao Lin, o acordeonista Leon Van Wijk, o Trio Saint Petersburg.
Difícil descrever o quão emocionante é uma apresentação do maestro e violinista holandês e sua orquestra, mas, dentre tantos momentos de deixar os olhos rasos d’água, tivemos a canção “You Raise Me Up”, na bela voz de Anna Majchrzak; a soprano Donij Van Doorn e sua apresentação de “Rigoletto”, de Giuseppe Verdi; e Irmã Leona, uma senhora de 104 anos com quem André Rieu dançou uma valsa. Segundo ela, o segredo de sua longevidade está em dançar uma valsa todos os dias.
Passadas quase duas horas de espetáculo, André anunciou a última peça do concerto: “Amigos para Siempre”, de Andrew Lloyd  Weber. Última?????
Chuva de confetes. Aplausos calorosos da plateia que lotava aquela que, segundo Rieu, é a praça mais bonita do mundo. E mais uma canção, mais duas, mais três, mais quatro...
Durante o espetáculo, André Rieu conta ao público algumas passagens marcantes de sua vida. Apresentou seu irmão, Robert, que estava ao violoncelo. Afirmou, algumas vezes, ser o homem mais feliz do mundo e ter a melhor profissão de todas, pelo bem que a música faz às pessoas.
Toda essa felicidade pode ser percebida pela postura assumida pelo maestro e sua orquestra no palco: bem humorada, leve, que foge do convencional. Dançam, brindam, brincam uns com os outros e com o público, tornando a noite mágica e divertida. Uma inesquecível experiência!
Segue o bis... Los Del Río sobe ao palco para cantar Macarena e La Bamba, acompanhados pelos cantores e cantoras da Johann Strauss Orchestra. 
Mais emoção... “Can’t help falling in love” e a plateia com pequenas luzes nas mãos. Abraços... Aplausos.
Mãos ao peito em respeito ao hino nacional e, em seguida, obras do cancioneiro local contam com o coro da plateia que, contagiada pela alegria que tomava conta do palco, transformou Het Vrijthof em pista de dança. Diante de tamanha animação, nada mais de acordo que um bom samba para, aí sim, encerrar o concerto.
“Amore, My Tribute To Love” é mais que um tributo ao Amor. É a celebração ao Amor e a tudo o que ele traz: alegria, amizade, encantamento, união...
E por falar em união, este ano André Rieu e sua Johann Strauss Orchestra comemoram 31 anos de uma história juntos, construída com muito trabalho, disciplina, dedicação, talento e, claro, muita alegria. Bravo! Bravíssimo!
Se você gosta de boa música e quer sentir a mesma emoção que os espectadores de Maastricht, não  deixe de ir às salas da rede UCI que estarão exibindo “André Rieu 2018 - Amore, My Tribute to Love”, no próximo domingo, dia 16 de setembro. Será, certamente, uma noite inesquecível!

Imagem: Google Images 

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Um Barquinho à Deriva

Estou navegando agora pelos mares da felicidade,
Para avistar o porto do Planeta T...
Durante toda a jornada,
A navegação vai sempre de encontro com as ondas
Que favorecem a certeza e a plenitude do amor.
A cada conchinha, a cada pedrinha avistada na areia,
Se resume no desejo e na amplitude de nos buscarmos
Mais e mais no compasso da vida,
A vida plena de felicidade e união.
Despertando a certeza do encontro do barquinho que outrora estava à deriva,
Nadou, nadou pelos mares afora,
Tendo que buscar o encontro no Planeta T,
Onde avistou o seu Porto Seguro,
Denominando o cais como “Porto da Fortaleza BT”.
E assim o barquinho avistando o seu comandante BT,
Foi conduzido pelos mares, atravessando oceanos
E navegando nas ondas dos mares do amor.

Ana Cavalieri

Imagem: Google Images


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Caio Fernando Abreu


Jornalista, dramaturgo, escritor. Um dos expoentes de sua geração. Rotina, contracultura, política, psicologia, solidão, amor e sexo sob a forma de contos, romances, novelas e peças. Um fenômeno nas redes sociais. O tom autobiográfico de sua escrita faz com que, a cada dez frases compartilhadas, ao menos seis sejam de sua autoria. Neste dia 12 de setembro, Caio Fernando Abreu, um dos mais populares escritores brasileiros, completaria 70 anos.
Nascido em Santiago do Boqueirão, cidade do Rio Grande do Sul próxima à fronteira com Argentina, Caio viveu em diversas cidades do Brasil e do mundo, o que talvez tenha influenciado o autor a desenvolver uma obra de linguagem simples, coloquial, fluida, que aborda temas não-convencionais.
 Seu primeiro conto,  “O Príncipe e o Sapo”, foi publicado em 1966 na revista Cláudia. Neste mesmo ano, começou a escrever seu primeiro romance “Limite Branco”. Neste, já se encontram as marcas que acompanhariam sua trajetória literária: a angústia diante do devir e a morte como certeza no final da jornada.
“ Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com as duas mãos sedentas e pensa:  ‘Achei! Achei!’ - mas ele escorrega, se espatifa em mil pedaços, Como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça. A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. (...) começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano. Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre:  ‘Envelheci’. Então a busca termina. As perguntas calam no fundo da garganta, e vem a morte. Que talvez seja a grande resposta. A única.” (Caio Fernando Abreu, “Limite Branco”)
Em 1982, lançou seu quarto livro, “Morangos Mofados”, considerado sua obra prima pela crítica literária.  A obra é composta por 18 contos, divididos em três partes:  “O Mofo” (nove contos), “Os Morangos” (oito contos) e aquele que dá título à obra, “Morangos Mofados”.
“Já li de tudo, cara, já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia. Sobrou só esse nó no peito. Agora faço o quê?” (Trecho do conto “Os Sobreviventes”, do livro “Morangos Mofados”)
O trecho acima mostra a pungência, a angústia, características marcantes da obra “Morangos Mofados”, que reúne contos inéditos. Nestes, são abordados temas como o homoerotismo, a repressão política e uma reflexão sobre a arte. A narrativa é feita de forma a reproduzir a confusão de um mundo fragmentado. O questionamento dos valores sociais e existenciais surgem através de personagens excêntricos, que representam as vozes marginalizadas pela sociedade de então. O título metaforiza a ação sufocadora dos valores de uma sociedade repressora sobre a vida dos indivíduos.
Três anos após seu lançamento, “Morangos Mofados” foi adaptado para o teatro e dirigido por Paulo Yutaka.
Dentre outros, Caio recebeu o “Prêmio Jabuti de Literatura” por “O Triângulo das Águas”, “Os Dragões não Conhecem o Paraíso” e “Ovelhas Negras”.
Caio Fernando Loureiro de Abreu viveu intensamente a época da ditadura e buscou inspiração em momentos importantes de sua vida. Segundo sua obra, a vida deve ser buscada continuamente, a felicidade, incessantemente. Ele dizia aos amigos:
“Eu queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que eu escrevi.”
 É, Caio, desejos se realizam!

Caio Fernando Abreu - O dia que Júpiter encontrou Saturno.
In: Morangos Mofados. Imagem:Pinterest.



   

Imagens: Pinterest






terça-feira, 11 de setembro de 2018

Hélio Jaguaribe

Morreu no dia 09 de setembro de 2018, aos 95 anos, no Rio de Janeiro, o Acadêmico, Jurista, Sociólogo e Escritor Hélio Jaguaribe, nono ocupante da Cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL).
“Para ele, ação e pensamento permanecem indissociáveis, como Darcy Ribeiro e Celso Furtado, que o precederam na Cadeira 11. Cientista Político de alta erudição e consciência vigilante, deixou obra vasta e criativa”, disse Marco Lucchesi, presidente da ABL.
O representante citou dois títulos:
“A Dependência Político-econômica da América Latina”, que foi um verdadeiro clássico e “Um Estudo Crítico da História” que, segundo Lucchesi, foi um “divisor de águas da interpretação do processo histórico publicado em nosso país.”
Marco Lucchesi classificou o Acadêmico como “homem de gestos largos e entusiasmado, Hélio Jaguaribe continua vivo pelas virtudes de sua obra, saudosa do futuro.”
Hélio Jaguaribe nasceu em 23 de abril de 1923, no Rio de Janeiro. Formou-se em Direito pela PUC-Rio, em 1946. Seis anos mais tarde, iniciou um projeto de estudos para a reformulação do entendimento da sociedade brasileira. Fundou o IBESP (Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política). Foi secretário-geral e diretor da revista “Cadernos de Nosso Tempo”, com uma relevante influência no Brasil e na América Latina.
Em 1956, promoveu a constituição do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), uma instituição de altos estudos do Ministério da Educação e Cultura, das Ciências Sociais, onde ocupou o cargo de Chefe do Departamento de Ciência Política. Pediu exoneração em 1959 por discordância na orientação dos institutos.
Ficou durante alguns anos colaborando sem vínculos permanentes em diversas instituições acadêmicas no Brasil e no exterior.
Em 1964, depois da condenação do golpe militar, foi para os Estados Unidos lecionar.
No período de 1964 a 1966, trabalhou na Universidade de Harvard.
No período de 1966 a 1967, foi para a Universidade de Stanford. De 1968 a 1969, para o Massachusetts Institute of Tecnology.
Retornou ao Brasil em 1969, ingressando no Conjunto Universitário Cândido Mendes, onde assumiu a direção de Assuntos Internacionais durante anos.
Em 1979, foi designado decano, com a fundação do Instituto de Estudos Políticos e Sociais, ficando nessa função até 2003. Quando completou 80 anos, foi substituído por outro professor, Francisco Weffort. Jaguaribe teve o título de decano emérito e com essa função pode dar continuidade a suas pesquisas.
Recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Johanes Gutenberg de Maing, em 1983; da Universidade Federal da Paraíba, em 1992; da Universidade de Buenos Aires, em 2001, por sua contribuição às Ciências Sociais, aos estudos latino-americanos e à análise das Relações Internacionais.
Foi contemplado, em 1996, por sua contribuição às Ciências Sociais, com a grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Em 1999, foi contemplado pelo Ministério da Cultura, pela contribuição ao desenvolvimento cultural do país, com a Ordem do Mérito Cultural.

Imagens e Sons por Escrito: A Arte do Roteiro

Na última quinta-feira, dia 06, a Academia Brasileira de Letras (ABL) abriu seu ciclo de conferências do mês de setembro, intitulado “Cinema e Literatura”. Sob a coordenação do Acadêmico e poeta Geraldo Carneiro, o diretor e roteirista Jorge Furtado palestrou sobre o tema “Imagens e Sons por Escrito: A Arte do Roteiro”. Durante a apresentação, Jorge Furtado falou sobre as diferentes dificuldades e soluções encontradas pelos dramaturgos em adaptações de obras literárias para o cinema e a TV, visto que cada livro tem suas peculiaridades. O conferencista também abordou a convivência entre literatura e cinema e o que ambas as linguagens/estéticas têm em comum.
Jorge Alberto Furtado é um dos sócios-fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre e figuram em seu currículo filmes (longas e curtas-metragens), séries e minisséries de sucesso, dentre os quais estão “Ilha das Flores” (1989), “A Comédia da Vida Privada” (1995), “Houve Uma Vez Dois Verões” (2002), “O Homem que Copiava” (2003), “Lisbela e o Prisioneiro” (2003), “Meu Tio Matou Um Cara” (2004), “Doce de Mãe” (2014) e “Nada Será Como Antes” (2016).
“Rasga Coração”, seu mais novo filme, é uma adaptação da peça de Oduvaldo Vianna Filho e será lançado em outubro deste ano.
“Cinema e Literatura” terá mais três palestras:
  • 13/09 - “Romance em Cena: questão de gênero” (Aderbal Freire Filho);
  • 20/09 - “Literatura e Teledramaturgia: diferenças e confluências” (Maria Adelaide Amaral)
  • 27/09 - “Letras e Imagens: a literatura no cinema” (Cacá Diegues)
Todas acontecerão, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., na Academia Brasileira de Letras. Para maiores informações, acesse o site da ABL

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Orquestra Sinfônica da UFRJ na Sala Cecília Meireles

A Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) se apresentou na última quinta-feira, dia 06, na Sala Cecília Meireles sob a regência de Silvio Viegas. 
O espetáculo foi parte integrante da “Série Sala Orquestras” e teve Ewerton Cândido como solista em “Romance para Violino em Fá Menor Op. 11”, de Antonín Dvorak. Emocionante ver sua intensa entrega à música e o perfeito entrosamento entre orquestra e solista.
Ainda fizeram parte do programa: “Abertura Coriolano op. 62”, de Ludwig van Beethoven; “Abertura Mar Calmo e Próspera Viagem em Ré Maior Op. 27”, de Félix Mendelssohn; “Sinfonia nº 3 em Ré Maior D.200”, de Franz Schubert, em quatro movimentos - “Adágio  Maestoso - Allegro com Brio”, “Allegretto”, Menuetto (Vivace)” e “Presto Vivace”. Todas muito bem realizadas. 
Ewerton Cândido iniciou seus estudos em 2009  com a professora Andréia Carizzi - spalla neste programa.  Foi um dos vencedores da edição 2017 do concurso “Jovens Solistas da UFRJ”,  O que possibilitou atuar com a OSUFRJ.
O Regente Silvio Viegas e sua orquestra Tiveram sua afinação, precisão e sonoridade presenteados com aplausos entusiasmados da plateia. Um público, em sua maioria, jovem. Que alegria ver luz ver luz ver lu tiveram sua afinação, precisão e sonoridade presenteados com aplausos entusiasmados da plateia. Um público, em sua maioria, jovem. Que alegria vê-los prestigiar os clássicos!
Silvio Viegas é mestre em regência pela Escola de Música da UFMG e, atualmente, é o Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, do Palácio das Artes e professor da Escola de Música da UFRJ.
A OSUFRJ, fundada em 1924, é a mais antiga orquestra do Rio de Janeiro e tem como funções acadêmicas o treinamento e a formação de novos regentes, solistas e profissionais orquestra. Para saber quais os próximos eventos da OSUFRJ,  basta acessar o site da Escola de Música da UFRJ
 A  programação da Sala Cecília Meireles  está disponível no site da instituição.
 Bravíssimos e muitos aplausos! 

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Clarice Lispector

Uma mulher misteriosa, enigmática, imprevisível... assim é a Clarice que habita o imaginário do público. “Com o perdão da palavra, sou um mistério para mim”, disse ela que é uma das mais aclamadas escritoras brasileiras, em “A descoberta do mundo”. 
Nascida Haia Lispector, na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920, chegou ao Brasil ainda menina com sua família. Aqui, por iniciativa de seu pai, passou a se chamar Clarice.
Formou-se em Direito, mas iniciou sua carreira como jornalista. Na mesma época, teve seus contos publicados em jornais e revistas.
Tímida e ousada, como se autodefinia, publicou seu primeiro livro, “Perto do Coração Selvagem”, em 1943. Escreveu contos, romances, novelas, crônicas e histórias infantis. Tornou-se nossa maior representante de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva. Sempre lembrada por suas personagens de perfil psicológico complexo, imersas em situações corriqueiras.
Conheci Clarice com “Amor”, conto que figura no livro de Ítalo Moriconi, “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”.  Inserido na obra “Laços de Família”, de 1960, “Amor” tem como protagonista Ana - mãe, esposa, dona de casa, dedica seus dias a cuidar da família e dos afazeres domésticos. Certo dia, após as compras, pegou o bonde. Da janela viu um cego que estava mascando chiclete. Ah... a epifania clariceana, aquele acontecimento banal que te faz repensar uma vida inteira!
“Ele mascava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento da mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir - como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o...”
Aquela imagem, que passaria despercebida para muitos, provocou em Ana um efeito devastador, então confrontada com a dura realidade da vida. Aquela cena tirou nossa protagonista de seu estado de alienação. Desorientada por aquela visão, passa do ponto onde deveria saltar e chega ao Jardim Botânico. Lá, o cego e seu chiclete dão lugar a natureza selvagem no papel de agente perturbador dos pensamentos de Ana. Tentada e assustada, dividida entre o nojo e o fascínio por esse “mundo faiscante”, após divagar sobre a fragilidade e força da vida, volta a si, ou pelo menos ao que esperam dela, e lembra-se de sua família. Subitamente é tomada por um sentimento de culpa. Corre para casa, mas o quê viu é sua companhia por todo o trajeto. E mesmo já em casa, a “alma batia-lhe no peito”. O mundo “sujo, perecível” insistia em convida-lá a tomar parte dele. Mesmo o abraço de seu filho não consegue fazê-la esquecer o “chamado do cego” e todo o mundo que havia lá fora por explorar. “A vida é horrível”, mas também dinâmica, cheia de surpresas. O coração de Ana “se enchera com a pior vontade de viver”.
“Amor” fez com que eu me encantasse pela obra de Clarice!
Sobre ser escritora, Clarice Lispector disse em entrevista à TV Cultura, em 1977:
“Eu sou uma amadora e faço questão de continuar sendo amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo em escrever ou então com o outro, em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser um profissional para manter minha liberdade”.
Pouco antes de morrer, publicou “A Hora da Estrela”, livro que muitos - devo confessar estar entre esses - consideram sua obra prima. Conta as desventuras de Macabéa, moça ingênua e sonhadora, recém-chegada de Alagoas ao Rio de Janeiro. É a “estória de uma moça, tão pobre que só comia cachorro quente. Mas a estória não é isso, é sobre uma inocência pisada, de uma miséria anônima”, contou a autora na já referida entrevista.
“A Hora da Estrela” foi adaptada para o cinema, com o mesmo título, por Suzana Amaral, em 1985, e rendeu a intérprete de Macabéa, Marcélia Cartaxo, o Urso de Prata, no Festival de Berlim.
Atualmente, circulam na internet inúmeras frases e textos, de autoria não comprovada, atribuídos a Clarice Lispector. Uma “obra fantasma” profundamente reflexiva, apaixonada e com tons de auto-ajuda. Partindo da frase de Clarice “a vida é um soco no estômago”, a psicanalista Maria Homem diz que a autora é “a antiautoajuda que ajuda”, ou seja, é o auxílio de fato eficaz, aquele que de alguma maneira não tem o discurso de “massageamento egóico” do tipo “você pode, você consegue”. Segundo ela, “Clarice vai navegar nas águas obscuras, nas águas ambíguas. Não só das coisas, como da própria escrita, da própria enunciação, da forma de dizer. Ela vai dizer de uma maneira que ela própria é escorregadia”.
Sendo os textos que circulam pela rede de Clarice Lispector ou não, fato é que, como disse Otto Lara Rezende, jornalista e escritor, “ela nunca se livraria de si mesma. Quem tem contato com sua obra também não.”






quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O Seu Silêncio Tem Voz

O seu silêncio tem voz,
O seu silêncio é a essência do seu querer por me querer,
É o querer pulsante da energia do amor contido no prazer da alma,
Que desfruta do corpo e das palavras de forma segura e precisa.
É através do seu silêncio,
Que eu posso ouvir o seu coração pulsando por mim.
É através do seu silêncio,
Que eu consigo ver as lágrimas de amor derramadas em seus olhos,
De pura emoção por me amar tanto.
É através do seu silêncio,
Que o meu corpo estremece de prazer,
Pelas chamas acesas que você transmite,
E que chega até a minha alma,
De uma forma arrebatadora.
É através do seu silêncio que tem voz,
E me diz com todas as letras,
O quanto você pulsa pelo meu querer,
É através do seu silêncio,
Que você me diz,
Que não consegue mais existir,
Sem o meu existir dentro de você .
É através do seu silêncio,
Que você me diz todas as noites,
O quanto você sente a minha falta.
É através do seu silêncio,
Que você me transmite todo o seu amor por mim.
É através do seu silêncio que tem voz,
Que você me pede que eu te espere,
É através do seu silêncio,
Que você me diz ,
Que sabe,
Que o nosso amor transcende ,
Por séculos e por toda a eternidade,
É através do seu silêncio,
Que você me diz,
Que durante toda a sua vida,
Você esteve a me esperar.
É através do seu silêncio,
Que você me afirma o nosso amor.
É através do seu silêncio,
Que você me diz,
Que em breve seremos felizes.
É através do seu silêncio que tem voz 
E grita para o meu coração 
Que o espere,
E que estaremos juntos,
Hoje e sempre e que será por todo o sempre.
É através do seu silêncio,
Que os nossos corações se amam,
Por todinho tempo pela voz contida dentro deles,
Conversando com um Anjo,
Para tocar no Anjo do meu coração,
Que até então se silenciava,
E hoje grita por você.
É através do seu coração,
Que o seu silêncio tem voz,
E diz:
“Eu te amo, Meu Amor”.

Ana Cavalieri 



terça-feira, 4 de setembro de 2018

Ponto Cego

Paulo Vieira apresentou sua exposição “Ponto Cego”, com 28 obras, divididas entre desenhos e pinturas, na Galeria Movimento Arte Contemporânea.
Todo o seu trabalho está pautado em imagens que criam armadilhas. E a solução por cada obra é vista através do olhar do espectador que pode resolver com suas experiências individuais. Sua composição refinado e com trabalho investigativo sustentam em sua própria dimensão conceitual. 
As suas obras rompem com a continuidade do indiscutível e confrontam a geometria à irracionalidade.
O artista abandona a concepção tradicional do retrato. Ele se apresenta de forma tênue e desapegado ao figurativo à grandiosidade e ao sentimentalismo que o afasta de um figurativo apressado: Suas pinceladas se conjugam de forma que vai além da lógica de fundo e figura.
No universo atual das redes sociais e dos telefones celulares, não podemos mais pensar em solidão. Hoje temos a possibilidade de nos relacionarmos com pessoas próximas ou distantes de nós. É praticamente uma exigência social para nos manifestarmos de tudo que nos rodeia. “Tudo é partilhado numa dissolução dos limites entre o público e privado que ameaça os territórios mais íntimos de nossas memórias e sentimentos”. Paulo Vieira diz que não. E resiste a esse fluxo. A única saída contra o mundo conectado, consumível e contentes vem através de Garcia Márquez que chamou de “um pacto honrado com a solidão”.
E que através das coisas mais importantes da vida, continua no limiar do silêncio e da incomunicabilidade que o pensador Havilock Ellis definiu como “um mundo arcaico de vastas emoções e pensamentos imperfeitos”.
Portanto isolamento e solidão são coisas diferentes e, a solidão não deve ser entendida como patologia, mas uma busca de conceitos através de formas de comunicação mais profundas e verdadeiras, portanto sem medição de máquinas. Durante o período na Renascença, isso se chamava de “sacra conversazione”, que é portanto a percepção do subjetivo que se define no plano simbólico,na escolha precisa das cores e significados, nos sinais da vida que afirma a irredutível independência, através do realismo psíquico que vem nas obras dos sonhos e pensamentos. 
A arte de Paulo Vieira tem através só seu desenho, a prática diária e toda a sua obra é inteiramente ligada ao processo de descoberta e inquisição, e às vezes se apresentando de forma obsessiva. Suas obras se revelam de uma forma não simples de ser, pois são articuladas em torno das ideias de isolamento, incomunicabilidade e vida interior.
Através da definição do curador Mauro Trindade, os autorretratos ou criptoretratos de Paulo Vieira são visivelmente apresentados através de seus personagens, numa narrativa não linear, dentro de um universo atemporal e inquietante. Com isso, através de sua obra, a arte onírica de Paulo Vieira faz com que “nós possamos confrontar através do trágico, a obscuridade e o desconhecido, onde voragem e vertigem são apenas outros nomes do mesmo abismo que olha para você.”