segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Semana de Arte Moderna de 1922

Há 96 anos, entre os dias 11 e 18 de fevereiro, São Paulo recebeu em seu Theatro Municipal a “Semana de Arte Moderna”, também chamada de “Semana de 22”, que consolidou o movimento modernista no Brasil, rompendo com seus antecessores, e se tornou referência cultural do século XX.
O principal objetivo da “Semana de 22” era libertar-se do “passadismo academicista e conservador” que controlava as artes e a literatura brasileiras, a partir da fusão de influências estrangeiras com elementos da cultura de nosso país a fim de criar uma arte essencialmente nacional.
Concebida por Di Cavalcanti e Menotti Del Picchia, a “Semana de Arte Moderna” contou com instalações de arquitetura, esculturas, exposições de telas, uma programação específica de palestras, recitais e apresentações musicais.
Boa parte da mídia reagiu de forma conservadora. Nas publicações da época pôde-se ler expressões como “subversores da arte”, “espíritos cretinos e débeis”, “futuristas endiabrados” referindo-se aos vanguardistas. O público também não deixou barato. O poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, que critica abertamente o jeito parnasiano de fazer poema, foi lido por Ronald de Carvalho em meio a vaias e gritos da plateia.



O rigor gramatical e o preciosismo lingüístico tão valorizados pelos poetas parnasianos foram rechaçados pelos modernistas, que valorizavam a incorporação de gírias ao texto, sintaxe irregular, uma aproximação da linguagem oral dos variados segmentos da sociedade brasileira.
Nem mesmo Heitor Villa-Lobos escapou da fúria da plateia. Ao entrar no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo, o músico foi vaiado pelo público que considerou a atitude desrespeitosa. Depois, o maestro explicou que o motivo de ter entrado desta forma havia sido um calo no pé.
Reações extremas dos visitantes e críticas vorazes dos especialistas à parte,  o fato é que, ao romper com o tradicionalismo vigente, o Modernismo abriu as portas para a experimentação, transformando o cenário cultural. Obras foram utilizadas para expressar de forma não-romântica a situação política, social e econômica do Brasil, um protesto que modificou o jeito como a arte brasileira era vista e produzida. Aí reside a relevância desse movimento que, como aconteceu com tantas outras manifestações, não foi percebida à época, mas tempos depois.

Divulgações dos diversos eventos da
 “Semana de 22”. Imagem: Blog Historiando.

Nossa multiplicidade étnico-cultural é um tesouro que esses intelectuais julgavam importante valorizar. Como pregava Oswald de Andrade em seu “Manifesto Antropofágico”, deveríamos “digerir” a cultura dos outros, ou seja, não negá-la, mas também não imitá-la. E isso é o que fazemos quando lançamos mão de nosso jeitinho, tornando-nos mestres em originalidade.
Os destaques do Modernismo brasileiro nas artes plásticas podem ser vistos na exposição “Modernos 10”, que acontece no Instituto Casa Roberto Marinho. Mostra inaugural da Casa, reúne dez expoentes da arte moderna brasileira dos anos de 1930 e 1940: Tarsila, Segall, Portinari, Pancetti, Nery, Guignard, Djanira, Di Cavalcanti, Dacosta e Burle Marx. Falaremos sobre a exposição e cada um deles em postagens futuras. Fiquem ligados! A exposição vai até o dia 30 de outubro e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 12h às 18h, sendo que a entrada é permitida até às 17h15min. O Instituto Casa Roberto Marinho fica localizado na Rua Cosme Velho, 1105. Para maiores informações acesse o site www.casarobertomarinho.org.br

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