quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Literatura e teledramaturgia: diferenças e confluências

Quinta-feira é dia de ciclo de conferências, na Academia Brasileira de Letras. O tema deste mês de setembro é “Cinema e Literatura” e, dia 20, foi a vez da escritora e dramaturga Maria Adelaide Amaral ocupar a bancada montada no palco do Teatro  R. Magalhães Jr. para, sob a coordenação do Acadêmico e poeta Geraldo Carneiro, apresentar sua palestra intitulada “Literatura e teledramaturgia: diferenças e confluências”.
Nascida em Alfena, Portugal, Maria Adelaide chegou ao Brasil aos doze anos. Hoje, é uma das mais premiadas autoras de novelas, minisséries e peças de teatro do país. Estreou na televisão no final dos anos de 1970 a convite do autor Lauro César Muniz para colaborar em “Os Gigantes”, telenovela exibida pela Rede Globo na faixa das 20h. Contudo, foi com “Meu Bem, Meu Mal”, a qual escreveu em parceria com Cássio Gabus Mendes, em 1990, que Maria Adelaide passou a dedicar sua carreira como novelista. Sete anos depois, escreveu, como autora principal, o remake de “Anjo Mau”. A autora também obteve bastante sucesso com suas minisséries, dentre elas, “A Muralha”, “Os Maias”, “A Casa das Sete Mulheres” e “JK”.
Simpática, Maria Adelaide encantou a plateia com seu bom humor e conhecimento histórico. Todos a ouviam atentos contar sobre os desafios de se adaptar uma obra literária para a televisão e as formas de se contorná-los, além de curiosidades e casos engraçados de bastidores.
Sobre a arte da adaptação, a dramaturga explicou seu processo de trabalho, deixando claro que o fato de ser uma leitora voraz foi e continua sendo extremamente importante para a boa realização deste ofício:
“Quando eu trabalho em qualquer tema, qualquer que seja, eu tenho que estar profundamente calçada, tenho que me enriquecer, nutrir de conhecimento, para saber onde eu piso e para saber ficcionar, porque você só ficciona direito, só ficciona com base e consequência quando você conhece profundamente a matéria.”
Maria Adelaide também lembrou a importância do papel social exercido pela televisão. O sucesso estrondoso e, segundo ela, inesperado de “A Muralha “ fez com que percebesse a função educativa deste poderoso veículo de massa e a consequente responsabilidade de seus autores, seja em novelas ou minisséries:
“Percebi  o quanto o povo brasileiro é carente e ávido de informação a respeito da sua própria história.”
Ao final da conferência foram exibidas as primeiras cenas de “A Muralha” e “Queridos Amigos”, esta, uma minissérie baseada em seu romance “Aos Meus Amigos”.
“Cinema e Literatura” terá mais uma palestra, amanhã, dia 27, às 17h30min. Esta será a vez do Acadêmico eleito e cineasta Cacá Diegues apresentar seu tema: “Letras e Imagens: a literatura no cinema”. 


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