O Candidato Honesto 2
(Brasil, 2018)
Gênero: Comédia
Direção: Roberto Santucci
Roteiro: Paulo Cursino
Duração: 104 minutos
Elenco: Leandro Hassum, Rosanne Mulholland, Victor Leal, Flávia Garrafa, Cássio Pandolfh, Mila Ribeiro, Anderson Muller, Paulinho Serra, Maria Padilha.
Sinopse: Após cumprir 4 dos 400 anos de prisão, João Ernesto (Leandro Hassum) é “intimado” a se candidatar à presidência novamente, por seu futuro vice, o misterioso Ivan Pires (Cássio Pandolfh).
Imagem: Google Images. |
Como o próprio título sugere, “O Candidato Honesto 2” é a sequência da história de João Ernesto, um político corrupto que, por praga de sua avó, tornou-se incapaz de mentir, o que lhe custou a candidatura e o levou ao xilindró. O político é solto após quatro anos e logo retorna à corrida presidencial, manipulado pelo seu sinistro vice Ivan Pires, brilhantemente vivido por Cássio Pandolfh. João, entretanto, vê na situação uma oportunidade de se retratar por seus graves erros do passado e se reaproximar de seu filho mais velho e de Amanda, sua “Crush“ do primeiro filme, agora interpretada por Rosanne Mulholland. João tem a “merecida” segunda chance, resgatando a confiança de seu filho e de sua amada.
O filme se apresenta, por vezes, controverso. Nos primeiros minutos, por exemplo, João e seu filho assistem atônitos à queima de uma bandeira do movimento LGBT, por seu concorrente Pedro Rebento (Anderson Müller), e questionam o porquê de alguém fomentar a cultura do ódio e da intolerância. Minutos depois, João solta frases homofóbicas dirigidas ao personagem de Paulinho Serra. O “humor” politicamente incorreto segue com a zombaria a Isabel, cujas gengivas a excluem do ditatorial padrão de beleza feminino. Não sei se a intenção de Paulo Cursino e Roberto Santucci foi a de utilizar o humor como forma de se fazer crítica, chamar o espectador à reflexão. Esse foi o efeito causado em mim, ratificado pela cena em que João diz que Leandro Hassum era mais engraçado quando gordo: “emagreceu, perdeu a graça “. Esta fala faz parte da cena em que o já Presidente João Ernesto conhece sua sala de cinema. Aí, Santucci faz uso do recurso de metalinguagem, assim como em “Os Farofeiros”, para criticar a postura do público diante das produções cinematográficas nacionais: o presidente dorme enquanto a estagiária conta a sinopse de um filme que foge ao padrão das comédias brasileiras comerciais e dos filmes de ação cujos efeitos especiais substituem o enredo.
O grande mérito de “O Candidato Honesto” e de sua sequência é o humor pela identificação, ou seja, a referência a pessoas e eventos. Nesta, temos um protagonista que reúne personagens e situações emblemáticas do cenário político brasileiro atual: Lula durante depoimento a um juiz federal e Dilma enfrentando problemas que culminam no impeachment, por exemplo. Outros personagens também são construídos seguindo esta fórmula. Ivan Pires, o vampiresco vice de João Ernesto, é cosplay do Michel Temer dos memes que tomam conta das redes sociais e Pedro Rebento, de Jair Bolsonaro. Mila Ribeiro encarna a Presidenta que, ora, desempenha o papel que Lula foi para Dilma. Aliás, cabe dizer que Mila e Cássio roubam a cena. Ela, uma das melhores imitações de nossa ex-presidente. Ele empresta ao personagem uma seriedade com tons de suspense que resulta em cenas hilárias.
E por falar em cenas hilariantes, aquelas exibidas junto com os créditos finais são as melhores e, por si só, valem o ingresso.
“O Candidato Honesto 2” estreou em 30 de agosto e segue em cartaz, em salas de cinema de todo o país.
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