Morreu no dia 09 de setembro de 2018, aos 95 anos, no Rio de Janeiro, o Acadêmico, Jurista, Sociólogo e Escritor Hélio Jaguaribe, nono ocupante da Cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL).
“Para ele, ação e pensamento permanecem indissociáveis, como Darcy Ribeiro e Celso Furtado, que o precederam na Cadeira 11. Cientista Político de alta erudição e consciência vigilante, deixou obra vasta e criativa”, disse Marco Lucchesi, presidente da ABL.
O representante citou dois títulos:
“A Dependência Político-econômica da América Latina”, que foi um verdadeiro clássico e “Um Estudo Crítico da História” que, segundo Lucchesi, foi um “divisor de águas da interpretação do processo histórico publicado em nosso país.”
Marco Lucchesi classificou o Acadêmico como “homem de gestos largos e entusiasmado, Hélio Jaguaribe continua vivo pelas virtudes de sua obra, saudosa do futuro.”
Hélio Jaguaribe nasceu em 23 de abril de 1923, no Rio de Janeiro. Formou-se em Direito pela PUC-Rio, em 1946. Seis anos mais tarde, iniciou um projeto de estudos para a reformulação do entendimento da sociedade brasileira. Fundou o IBESP (Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política). Foi secretário-geral e diretor da revista “Cadernos de Nosso Tempo”, com uma relevante influência no Brasil e na América Latina.
Em 1956, promoveu a constituição do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), uma instituição de altos estudos do Ministério da Educação e Cultura, das Ciências Sociais, onde ocupou o cargo de Chefe do Departamento de Ciência Política. Pediu exoneração em 1959 por discordância na orientação dos institutos.
Ficou durante alguns anos colaborando sem vínculos permanentes em diversas instituições acadêmicas no Brasil e no exterior.
Em 1964, depois da condenação do golpe militar, foi para os Estados Unidos lecionar.
No período de 1964 a 1966, trabalhou na Universidade de Harvard.
No período de 1966 a 1967, foi para a Universidade de Stanford. De 1968 a 1969, para o Massachusetts Institute of Tecnology.
Retornou ao Brasil em 1969, ingressando no Conjunto Universitário Cândido Mendes, onde assumiu a direção de Assuntos Internacionais durante anos.
Em 1979, foi designado decano, com a fundação do Instituto de Estudos Políticos e Sociais, ficando nessa função até 2003. Quando completou 80 anos, foi substituído por outro professor, Francisco Weffort. Jaguaribe teve o título de decano emérito e com essa função pode dar continuidade a suas pesquisas.
Recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Johanes Gutenberg de Maing, em 1983; da Universidade Federal da Paraíba, em 1992; da Universidade de Buenos Aires, em 2001, por sua contribuição às Ciências Sociais, aos estudos latino-americanos e à análise das Relações Internacionais.
Foi contemplado, em 1996, por sua contribuição às Ciências Sociais, com a grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Em 1999, foi contemplado pelo Ministério da Cultura, pela contribuição ao desenvolvimento cultural do país, com a Ordem do Mérito Cultural.
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